Arquivo X’ volta com desejo de provar que ainda é relevante

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    Durante as nove temporadas em que “Arquivo X” esteve no ar entre 1993 e 2002, o protagonista Fox Mulder repetia um mantra: “Eu quero acreditar”. Nesta segunda-feira (25), ele e sua parceira Dana Scully voltam no canal de TV por assinatura Fox com dois episódios de uma nova temporada com seis capítulos da série. Enquanto assistia ao primeiro, eu só conseguia pensar em uma coisa: “Eu quero gostar” — mas foi difícil.
    Por anos, os agentes da divisão especial do FBI, responsável por investigar o paranormal, perseguiram a verdade e encontraram com uma conspiração envolvendo alienígenas e o governo americano. Neste tempo eles até se envolveram com casos protagonizados por vampiros, mutantes e monstros, mas os pequenos homens cinzentos voltam a ser a base dessa nova história, que logo de cara se mostra muito maior do que Mulder jamais imaginara.
    Este é um ponto positivo do primeiro episódio, que na primeira cena mostra que não haverá muito espaço para enrolação. O que faz sentido, considerando o tempo limitado que a produção tem desta vez. As nove primeiras temporadas, que alçaram a série ao status de ícone da ficção científica e da televisão nos anos 1990, tinham em média 20 episódios cada — mais que o triplo da meia dúzia que temos agora.
    Se a objetividade empolga aqueles que se aborreciam com alguns dos casos mais fechados da produção original, que nada acrescentavam à trama maior, também pode alienar o novo público.
    A nova teoria da conspiração é promissora, mas é tão grande — provavelmente a maior até o momento — que exige muita suspensão de descrença. Mesmo o fã de longa data pode se aborrecer com os atalhos e exageros.
    Afinal, doze anos se passaram desde o adeus à dupla e a TV passou por uma verdadeira era de ouro, com produções muito mais atentas a roteiro e atuações. O espectador de ontem definitivamente não é mais o mesmo.
    Por fim, é sempre bom ver David Duchovny e Gillian Anderson de volta aos papeis que os alçaram à fama, mas eu quero acreditar que ambos conseguirão incorporar melhor os personagens.
    O Mulder de Duchovny ainda parece muito com Hank Moody, o escritor beberrão e mulherengo de uma de suas séries mais recentes, “Californication”. Tudo bem, o ator nunca foi conhecido por seu grande alcance na atuação, mas será difícil levá-lo a sério enquanto espero que a qualquer momento ele agarre a mulher mais próxima.
    Já Anderson não pode ser responsabilizada de todo pelos problemas com Scully. A personagem muda de ideia tão rapidamente e tão facilmente ao longo do episódio que é difícil entender seus objetivos e motivações. Com sorte, ambos voltarão à velha forma com o tempo.
    “Arquivo X” foi uma das grandes séries de sua geração, mas retorna à televisão enquanto o meio debate se atravessa ou se está no fim de uma era de grandes produções. Com a maior e mais promissora de suas teorias da conspiração, que pela primeira vez insinua que a verdade não está lá fora, mas ao nosso redor, o grande mistério é se a série continua relevante. Eu quero acreditar.

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