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Backer: Polícia Civil indicia 11 pessoas após intoxicação por dietilenoglicol

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Onze pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil de Minas Gerais pelos crimes de lesão corporal e homicídio após a intoxicação por dietilenoglicol em cervejas da Backer.

Das 42 pessoas que passaram mal após ingerir a bebida, muitas continuam com sequelas graves, de audição, visão e motora. Nove morreram.

Segundo o delegado Flávio Grossi, a Polícia Civil conseguiu comprovar, física e quimicamente, a existência de um vazamento no tanque da cerveja.

“Esta investigação foi multifacetada, tivemos químicos, engenheiros, peritos da maior gama possível. Atuamos de forma extremamente centrada e, para iniciar a investigação, precisávamos entender como é feita a cerveja”, disse.

De acordo com o superintendente de Polícia Técnico-Científica, Thales Bittencourt, foram feitas cinco necropsias diretas em vítimas que perderam a vida.

“Em todas elas foram constatadas alterações macro e microscópicas compatíveis com contaminação por dietilenoglicol. E em todas também foi constatada a presença do tóxico dietilenoglicol. Cem por cento de produtividade nas necropsias”, afirmou.

Caso Backer
 
As investigações sobre o caso Backer começaram no dia 8 de janeiro deste ano, com a abertura do inquérito. Ao longo de cinco meses de apurações, a Polícia Civil identificou 42 vítimas de contaminação por dietilenoglicol. Nove delas morreram.

Ao todo, o inquérito reúne mais de 4 mil páginas e ouviu mais de 70 pessoas, dentre elas, vítimas sobreviventes, suspeitos e testemunhas.

Os trabalhos foram coordenados pela 4ª Delegacia de Polícia Civil Barreiro. As informações completas serão repassadas à imprensa nesta terça-feira (9) pelo delegado Flávio Grossi, responsável pelas investigações, e pelo superintendente de Polícia Técnico-Científica, Médico-Legista Thales Bittencourt.

Esses cinco meses de investigações foram marcados pela luta das vítimas por recuperação e cobrança de direitos pelas famílias dos intoxicados pelo dietilenoglicol. Dos 33 sobreviventes, apenas um chegou a receber auxílio da cervejaria para o tratamento de saúde.

Os pacientes contaminados pela substância desenvolveram sintomas que se iniciavam com náusea, vômito e dor abdominal, que evoluíam para insuficiência renal e alterações neurológicas.
 

O que é o dietilenoglicol?
O dietilenoglicol (DEG) é uma substância de cor clara, viscosa, não tem cheiro e tem um gosto adocicado. A fórmula química é C4H10O3. Ela é anticongelante e de uso bastante comum na indústria.

A ingestão pode provocar intoxicação com sintomas como insuficiência renal e problemas neurológicos.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a substância é um solvente orgânico altamente tóxico que causa insuficiência renal e hepática, podendo inclusive levar a morte quando ingerido.

A intoxicação por DEG pode ocorrer quando ele é usado de forma inapropriada em preparações químicas, substituindo outros produtos não tóxicos para o ser humano. Desde 1937, foram registradas dezenas de casos de intoxicação em diferentes países.

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