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Cresce número de casos de doenças psicológicas em Aparecida do Taboado durante a pandemia

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Aparecida do Taboado (MS) – O isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus tem afetado – psicologicamente – milhares de pessoas ao redor do mundo e não é diferente em Aparecida do Taboado. Especialistas dizem que número de casos de depressão, ansiedade e estresse aumentou no município.

A sensação de confinamento e a incerteza do controle da doença são os principais agentes causadores de doenças psicológicas, conforme afirma a Dra. Eloisa Moris, psicóloga há 13 anos. Ela ainda diz que o excesso de informação e a ‘chuva de fake news’ também tem contribuído para o aumento dos casos.

Mas o que preocupa Eloisa é a falta de acompanhamento profissional dos pacientes que já tratavam esses e outros tipos de doenças, uma vez que nos últimos dois meses a clínica onde ela atende registrou queda de 40% no número de atendimentos, “mesmo a gente higienizando tudo, marcando consultas com intervalo de tempo suficiente para não haver contato e tendo tomado outras medidas de prevenção o medo tomou conta de muitos pacientes, que deixaram de dar sequência no tratamento. Isso é preocupante porque muitos deles fazem uso de medicamentos”, ressaltou ela.

Cresce número de casos de doenças psicológicas em Aparecida do Taboado durante a pandemia

Por outro lado, aumentou o número de pacientes novos. A psicóloga explica que com o isolamento social a economia acabou sendo afetada e isso trouxe alguns entraves financeiros para muitas famílias, que ainda estão tendo que lidar com outros problemas cotidianos, como ministrar e orientar aulas em casa, “são situações que acabam gerando conflitos internos, resultando no surgimento ou agravamento de doenças psicológicas”. Eloisa também acrescentou que isso ainda influencia na destruição de muitos laços familiares, “têm pessoas que não conseguem administrar essa pressão sozinhas e acabam entrando em guerra com membros familiares e, por isso, buscam ajuda”, esclareceu.

Mas também tem pessoas que deixam de procurar atendimento por falta de dinheiro ou conhecimento e acabam sofrendo sozinhas, em casa.

Para aliviar o estresse e controlar a ansiedade, a psicóloga sugeriu cuidar do corpo e da alma, “ler um bom livro, praticar alguma atividade física em casa mesmo, dar uma pequena caminhada no quarteirão ou assistir a um filme são coisas que podem fazer um bem enorme. Não devemos descuidar em nenhum momento do lado emocional”, disse ela.

Manter vínculos com familiares através da internet também é uma coisa que, segundo Eloisa, ajuda a minimizar a sensação de solidão e a diminuir a saudade, “e temos que ter certeza de que tudo isso vai passar. Do mesmo jeito que a gente sai de uma situação de felicidade, a gente vence um momento de tristeza. O que não pode é se entregar ao medo e à angústia”, orientou ela, esclarecendo que o acompanhamento de um profissional é sempre o mais indicado.

Psiquiatria

Pesquisa realizada na semana passada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) com cerca de 400 médicos de 23 estados e do Distrito Federal mostra que 89,2% dos especialistas entrevistados destacaram o agravamento de quadros psiquiátricos em seus pacientes devido à pandemia de Covid-19. De acordo com o levantamento, divulgado nessa segunda-feira (11) pela associação, 47,9% dos consultados tiveram aumento nos atendimentos após o início da pandemia. Essa expansão atingiu até 25%, em comparação ao período anterior, para 59,4% dos psiquiatras entrevistados.

Do total de entrevistados, 44,6% afirmaram ter percebido queda no número de atendimentos, por razões diversas, entre as quais interrupção do tratamento pelo paciente com medo de contaminação pelo vírus, restrições de circulação impostas pelas autoridades e redução no atendimento aos grupos de risco.

A pesquisa mostra também que 67,8% dos médicos receberam pacientes novos, que nunca haviam apresentado sintomas psiquiátricos antes, após o início da pandemia e do isolamento social. Outros 69,3% relataram ter atendido pacientes que já haviam recebido alta médica, mas que tiveram recidiva de seus sintomas.

 

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