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Sem aulas presenciais, diversão das crianças está em soltar pipas. Perigo está no cerol

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Com a suspensão das aulas presenciais nas escolas municipais e a antecipação das férias (recesso) na rede estadual aumentou bastante o número de crianças ociosas em casa. Entre uma tarefa escolar e um afazer doméstico, elas têm encontrado nas ruas ou nos lotes baldios uma distração para passar o tempo. Com isso, nos últimos dias, tem sido frequente encontrar meninos e meninas com linhas nas mãos, empinando o ‘papagaio’ – como também é conhecida a famosa ‘pipa’.

Entretanto, com a brincadeira de criança, vem o perigo. A maioria delas vem utilizando cerol e se diverte ‘cortando’ a linha do colega, principalmente quando a pipa alheia toma voo mais alto.

Sem aulas presenciais, diversão das crianças está em soltar pipas. Perigo está no cerol

O Costa Leste News esteve nesta segunda-feira (11) no bairro Tia Chica, onde há grande concentração de crianças praticando a brincadeira, e falou com algumas delas. Eduardo, de 6 anos, um dos garotinhos mais espertos e desenvoltos da turma, explicou que no grupo é proibido ficar com a pipa do colega, “cortou, tem que devolver”, disse ele. Eduardo também contou que existem outras regras para soltar pipa no bairro e que esta é uma das coisas que ele mais gosta de fazer. Com um sorrisinho no canto da boca, o pequeno ‘empinador’ confessou o uso do cerol e apesar da pouca idade ainda falou sobre os cuidados que é preciso tomar: “a gente só solta aqui no campo né tia, é perigoso, não pode deixar cortar a veia do coração”, mostrando o pulso e o pescoço, se referindo à artéria.

Questionado sobre o cerol, ele garantiu que é fácil comprar o tipo de linha no próprio comércio do bairro, mas falou que alguns garotos maiores também costumam fazer a mistura, que envolve cola e estilhaços de vidro.

Sem aulas presenciais, diversão das crianças está em soltar pipas. Perigo está no cerol

Por outro lado, sem uma pipa pra brincar, Gustavo, de 10 anos, que também faz parte do grupo, fica correndo atrás dos garotos para ver se consegue ficar com alguma pipa que ‘cai do céu’, mas diz que respeita a regra de devolução, “se o dono pede eu devolvo”, garante ele. Mostrando uma cicatriz na mão, o menino confessou que já se feriu com a linha cortante, mas disse que o cerol é normal entre ‘quem solta pipa’.

Apesar de proibido, o cerol realmente ainda é muito utilizado nesta atividade. Passado na linha, ele a torna cortante e transforma a brincadeira em uma disputa no céu para quem ver quem corta a de quem. No entanto, além de tornar o manuseio perigoso também pode ferir quem está em volta.

Como aconteceu em Campo Grande neste sábado (9), quando o pedreiro Luiz Batista Dos Santos, 64 anos, viu a morte de perto ao ter o pescoço cortado por linha com cerol na volta do trabalho. Ele pilotava uma moto quando foi atingido. Luiz foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para a Santa Casa da Capital com corte de 10 cm no pescoço, “minha roupa ficou ensopada de sangue. Achei que ia morrer”, disse ele à imprensa. O trabalhador passou por procedimento cirúrgico devido a uma lesão cervical traumática, levou 8 pontos no ferimento e teve alta médica na manhã de segunda-feira.

Proibição
É preciso que os pais ou responsáveis se atentem ao perigo do cerol e repreendam o uso dele. Lei estadual 3.436, de 19 de novembro de 2007, proíbe o uso de cerol ou outros materiais cortantes em linhas de pipas e similares, com aplicação de multa e responsabilização. Denúncias, inclusive de venda deste tipo de material, podem ser feitas pelo 190 à Polícia Militar ou no (67) 3565-1217 à Polícia Civil em Aparecida do Taboado.

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