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Pesquisa em MS busca o desenvolvimento de novos antibióticos

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    Campo Grande (MS) – O período que compreende as décadas de 1.950 a 1.970 é conhecido como “o momento dourado dos antibióticos”, em que a maioria das classes de antibióticos foram descobertas. Essa evolução incrível da ciência passou de benefício a malefício para a população quando os medicamentos começaram a ser prescritos e utilizados pela população de forma indiscriminada.
    Além do uso diretor em humanos, houve a introdução dos antibióticos na cadeia alimentar como aditivos para animais, concebidos para prevenir doenças e promover um crescimento mais rápido, além do seu uso, como ingredientes em produtos de limpeza.
    Ao longo da vida, o corpo humano interage continuamente com diferentes tipos de microrganismos, incluindo bactérias comensais, que colonizam pele e mucosas, e também agentes patogênicos. Na maioria dos casos, os patógenos invasores são eficazmente erradicados pelo sistema imunitário, impedindo o desenvolvimento de uma infecção. Infecções letais que antes eram incuráveis foram tratadas após a descoberta e subsequente comercialização dos antibióticos.
Superbactérias
    As chamadas ‘superbactérias’ são resistentes a praticamente todos os antibióticos disponíveis no mercado, o que as torna responsáveis por aproximadamente 18% das mortes em todo o mundo.
    Uma infecção bacteriana em seu estágio mais avançado pode levar a sepse, que ocorre quando as bactérias invadem a corrente sanguínea do hospedeiro. A sepse consiste em uma doença complexa e dinâmica caracterizada por uma resposta imune sistêmica a microrganismos patogênicos invasores ou suas toxinas. Esta resposta imune compreende o reconhecimento do agente patogênico por células imunitárias, que liberam mediadores inflamatórios, tais como peptídeos e proteínas de defesa do hospedeiro, bem como a ativação sistêmica do complemento e a cascata de coagulação.
    “A resistência bacteriana é um tema que tem gerado muita curiosidade, por se tratar de um assunto que preocupa tanto médicos quanto a população em geral. Pacientes hospitalizados tendem a receber doses indiscriminadas de antimicrobianos, o que tem sido um dos grandes contribuintes para a seleção de cepas bacterianas resistentes, implicando infecções importantes. As Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde (Iras) frequentemente são ocasionadas por estes patógenos multirresistentes, dificultando muito o tratamento já que as opções terapêuticas são reduzidas”, explica Fernanda Nomiyama Figueiredo, biomédica e microbiologista Hospital Santa Luzia, localizado em Brasília (DF).
    Fernanda afirma ainda que as bactérias existentes em ambientes hospitalares apresentam comportamento diferenciado daquelas pertencentes à microbiota normal humana. A disseminação destes microrganismos ocorre de forma facilitada, podendo ser transmitida de um paciente a outro por meio de fômites ou até mesmo por meio de profissionais que não realizam higienização correta das mãos. “A resistência bacteriana ocorre principalmente por meio de genes que são codificados por plasmídeos, elementos genéticos independentes, que se replicam de forma autônoma e podem ser transmitidos de uma bactéria a outra, mesmo sendo de gêneros e espécies diferentes”.
    As medidas de higiene hospitalar são essenciais para o controle da proliferação dos microrganismos. “É necessária atenção redobrada em relação aos cuidados com o paciente hospitalizado, medidas de controle de infecções hospitalares eficazes, higienização correta das mãos e um bom laboratório de microbiologia, que seja capaz de detectar o micro-organismo causador de infecção no paciente, para que o tratamento correto seja realizado para cada infecção em específico”, ressalta Fernanda.
    Apesar da melhoria nos procedimentos de cuidados à saúde, a incidência de sepse tem crescido nos últimos anos, aumentando a mortalidade e o tempo de internação. Mesmo com os avanços na terapia e o desenvolvimento do tratamento com antibióticos de amplo espectro, a mortalidade é ainda considerável.
Pesquisa e desenvolvimento
    O surgimento de bactérias multirresistentes em todos os países gerou entre os cientistas previsões catastróficas para a humanidade: um mundo sem antibióticos em um futuro não distante. O caminho para resolver a situação é a investigação de novas possibilidades para o tratamento de infecções bacterianas.
    Em fevereiro de 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a primeira lista de “agentes patogênicos prioritários” resistentes aos antibióticos. O catálogo contém 12 famílias de bactérias que representam a maior ameaça para a saúde humana. A iniciativa da OMS irá orientar as pesquisas de novos antibióticos.
        Com o aumento na incidência de infecções resistentes a múltiplos antibióticos, existe hoje um grande interesse pelos PAMs como modelos para a produção de novos antibióticos, pois são mediadores multifuncionais da resposta imune inata, com atividade antibacteriana direta.
    “Vale lembrar que as bases teóricas e a hipótese para desenvolvimento do projeto, hoje financiado pela Fundect/CNPq, teve início há oito anos, quando iniciei meu mestrado sob a supervisão do professor Octávio Franco que é meu mentor e conseguiu reunir essa equipe formada por pesquisadores do MIT, University of British Columbia, UCB e UCDB”, ressalta Osmar.
    De acordo com o professor da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e adjunto da Universidade Católica de Brasília e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Octávio Franco, o projeto está inserido em um projeto maior no qual são desenvolvidos inúmeros antibióticos com potencial para controle de bactérias resistentes. “Estas bactérias têm afetado dia a dia com maior intensidade pacientes em UTIs do nosso país e do mundo. Dessa forma este projeto visa a busca de novos antibióticos de origem proteica que possam ser usados para controlar tais infecções que no momento são incontroláveis”, ressalta Octávio.
Resultados
    Entre os resultados estão a produção de uma biblioteca de peptídeos com a capacidade de erradicar seletivamente bactérias patogênicas que crescem em biofilmes, assim como a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração Mínima Bactericida (CMB) das sequências geradas, determinação da atividade citotóxica, e avaliação da atividade antibacteriana sistêmica e monitoramento por bioluminescência.
            Hoje, legalmente, não é possível comprar antibióticos sem uma receita médica específica. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) administra as receitas retidas e as arquiva por um período de dois anos.

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