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Números de casos de leishmaniose cresceram 30% nos últimos 3 anos em Aparecida do Taboado

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Aparecida do Taboado (MS) – A leishmaniose, doença transmitida pelo mosquito-palha, matou 7 pessoas em Mato Grosso do Sul no ano passado e contaminou 125 pessoas em 24 municípios do Estado. Na região Costa Leste, Três Lagoas é o município com o maior índice de leishmaniose visceral humana, tendo 46 casos confirmados da doença e a morte de uma criança de 7 anos entre 2013 e 2017.

Embora Aparecida do Taboado não tenha registrado nenhum caso de leishmaniose visceral humana desde 2013, nos últimos 3 anos o número de animais infectados aumentou 30%. Segundo dados da Vigilância Sanitária, em 2017 foram registrados 264 casos em animais, dos quais 132 foram confirmados e 76 passaram pela eutanásia.

Segundo o coordenador Adilson Valentim de Freitas, os sintomas no animal são costumeiramente confundidos com os da doença do carrapato, “mas quando a Vigilância é acionada, nós realizamos o TPP, que é um teste rápido e com 94% de eficácia. Em caso de alguma dúvida, ainda colhemos o sangue e enviamos a Campo Grande, onde é feito o teste Elisa, para termos 100% de confirmação”, explicou.

Adilson informou que o TPP começou a ser feito no município há pouco mais de 6 anos e que os números de casos confirmados aumentaram cerca de 30%, nos últimos 3 anos “os casos positivos aumentaram e isso tem nos preocupado porque mesmo não sendo uma doença contagiosa, e sim infecciosa, oferece riscos ao seres humanos”, disse ele.

O coordenador afirma que quando acontece a confirmação da doença, o animal só pode ser sacrificado (eutanásia) mediante autorização do dono, que na minoria das vezes opta pelo tratamento. 

Para o Dr. Paulo Chamas, médico veterinário, o assunto tem sido muito debatido de forma errada porque, segundo ele, falta conhecimento às pessoas. Ele explicou que a leishmaniose é uma doença vetorial ou DST, transmitida pela picada do mosquito-palha ou através de ato sexual e, neste último caso, somente o macho contamina a fêmea.

Pra ele, a falta de controle populacional animal é um dos principais problemas e a grande propagação da doença se dá através do cruzamento de animais, “muitos desses animais são assintomáticos. Eles têm a doença, mas não manifestam nenhum sinal clínico dela. No caso de cães, se coloca o macho pra cruzar com a fêmea e, além dele contaminar a cadela, os filhotes nascem com leishmaniose. Além disso, temos um grave problema na reprodução dos animais de ruas, que não temos controle nenhum sobre isso; tanto cães, quanto gatos”, explicou.

O veterinário ainda levantou uma questão pontual: o preconceito, “falta conscientização às pessoas. Hoje o que você mais vê é o preconceito a respeito de leishmaniose e uma ideia errada a respeito disso. Hoje em dia muitas pessoas tratam seu animal, têm sucesso no tratamento e conseguem a cura clínica, ou seja, ele passa a não transmitir e nem mais manifestar os sintomas da doença. E outra coisa, quando você usa um inseticida no animal, seja pra prevenir ou como parte do tratamento, ele passa a ser uma armadilha no combate ao mosquito-palha e até ao Aedes Aegypti. É importante saber disso”, esclareceu.

Para encerrar, Dr. Paulo Chamas garantiu que a eutanásia não é a medida mais eficaz para se combater a doença porque qualquer mamífero pode ser portador da leishmaniose, “mesmo se não houvesse mais nenhum cachorro na cidade, ainda teríamos o gato, rato, macaco e qualquer outro mamífero, além do homem, é claro. Não adianta sair matando. Temos que buscar uma alternativa para controlar a reprodução de animais, principalmente os infectados, e manter quintais limpos evitando a proliferação do mosquito transmissor”, pontuou.

 

Mortes

Aparecida do Taboado teve dois casos de morte por leishmaniose, segundo a Vigilância Sanitária. A primeira aconteceu em 2013, quando um paciente já chegou infectado à cidade. Ele veio do Tocantins com a doença e a morte foi registrada no município.

Em 2015, um aparecidense acabou se tornando mais uma vítima fatal da doença, mas ele recebeu tratamento em Três Lagoas, onde o caso foi registrado.

 

Prevenção

A Vigilância Sanitária informou que realiza ações de controle à leishmaniose, conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, que inclui a coleta de sangue nos cães no entorno do registro positivo e intensificação das orientações aos moradores.

A leishmaniose visceral é uma doença sistêmica que acomete mamíferos, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, astenia, anemia, dentre outras manifestações. Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. No Brasil, a principal espécie transmissora é o mosquito-palha.

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