
Aparecida do Taboado (MS) – Uma imagem divulgada nesta quarta-feira (13) nas redes sociais, onde funcionários da Sanesul aparecem trabalhando na construção do emissário de esgoto sanitário no Rio Paraná, revoltou a população e algumas autoridades aparecidenses, que se reuniram na noite de quinta-feira (14) para elaborar um plano de ação com o intuito de ‘brecar’ as obras.
O caso já se arrasta há pelo menos 6 anos, quando a empresa de saneamento básico do Estado de MS (Sanesul) deu entrada nas licenças ambientais para o emissário, que está posicionado há 200 metros da área de balneário do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (Simted), que encampou a luta desde então pelo cancelamento do projeto, apoiado por ambientalistas e populares, além de rancheiros e donos de pousadas na região. Desde aquela época o assunto vem sendo debatido e, inclusive, já é pauta no Poder Judiciário.

Durante reunião na quinta-feira (14), no Simted, os aparecidenses decidiram que vão promover uma audiência pública – e pretendem contar com órgãos competentes da cidade, do Estado e da região – para discutir a paralisação das obras, levando em consideração a importância turística, econômica e cultural do rio, cujos danos serão causados não só ao município, mas também às cidades vizinhas margeadas pelo Rio Paraná. Ainda foi levado em consideração o prazo do contrato de concessão da Prefeitura com a Sanesul, que vence em julho do próximo ano.

O movimento já começou a ganhar força. A fisioterapeuta Anaí Monteiro Marques Zolin, representante dos rancheiros de Santa Fé do Sul, esteve presente na reunião e garantiu o apoio não só da cidade vizinha, como também de autoridades políticas, ambientalistas e população interessada das cidades de Santa Clara D’Oeste, Três Fronteiras e Rubinéia, no noroeste paulista, “não podemos deixar que isso aconteça. O esgoto que querem jogar no Rio Paraná vai contaminar todo o rio, prejudicando todos nós e por isso estamos juntos nessa luta”, disse ela.
O piscicultor Dartagnan Ramos Queiroz também participou da reunião e enfatizou que o emissário também causará danos aos empresários que investem no ramo da piscicultura. Com a obra, segundo ele, o peixe produzido no município poderá ter a qualidade ameaçada, colocando em risco o desenvolvimento dessa atividade que vem gerando emprego e renda para a cidade. Vale destacar que além das pisciculturas, Aparecida do Taboado ainda tem frigorífico de peixes e fábrica de ração, e todos os setores da cadeia do pescado deverão ser diretamente afetados, desde o pescador, que usa da atividade para a subsistência, até a indústria.

O diretor da Sanesul, Heliany Paulo da Silva, que é aparecidense e assumiu a autarquia há 15 dias após deixar a Secretaria de Obras do Estado, tentou participar da reunião. No entanto, com o clima tenso, ele acabou saindo da sala antes mesmo de falar sobre o projeto depois de ter sido questionado [e pressionado] por um aparecidense quanto o seu conhecimento sobre o assunto, já que está à frente da empresa há menos de 1 mês. Helianey se mostrou ofendido com o questionamento e deixou a reunião.
Sobretudo, após o impasse, ficou decidido que o grupo vai mobilizar a população para participar da sessão da Câmara nesta segunda-feira (18), às 20h, a fim de buscar o apoio da classe política e convidar os vereadores para a audiência pública, que ocorrerá na próxima semana [ainda sem data definida], para discutir a construção do emissário e a legalidade do contrato de concessão da empresa com o município.
A empresa

Depois de toda a repercussão do caso, inclusive nos veículos de imprensa da região, a Sanesul emitiu uma nota na página oficial da empresa no Facebook onde garantiu que todo o esgoto coletado na cidade é tratado de acordo com a Legislação Ambiental vigente.
Sobre o emissário, a empresa explicou que está fazendo obras de ampliação do sistema de esgotamento sanitário no município e que se faz extremamente necessária a alteração do emissário para o Rio Paraná, “isto porque o Córrego Rondinha [onde é depositado os dejetos atualmente] não possui capacidade e suporte para recebimento de efluentes tratados provenientes da duplicação da Estação de Tratamento de Esgoto, conforme estudos técnicos criteriosamente realizados”.
A Sanesul ainda desmentiu que a empresa irá poluir o Rio Paraná, alegando que o descarte é feito de forma apropriada e somente após o tratamento adequado e garantiu que “diariamente são feitas análises técnicas nos laboratórios da Sanesul que comprovam a eficácia de todo o processo”.
Por fim, a empresa fez questão de ressaltar que “toda obra, antes de ser realizada é precedida de licença ambiental e estudos de engenharia que levam em consideração a preservação do Meio Ambiente e o bem-estar da população”, enfatizando que o trabalho da Sanesul é fiscalizado pelos órgãos competentes.
Repercussão
Após a divulgação da imagem que causou a indignação popular, as redes sociais ficaram lotadas de manifestação dos aparecidenses pedindo o cancelamento da obra. As publicações ganharam força com o uso da hastag #esgotonoparanazãonão e a maioria dos posts dizem: “O Paraná pede Socorro”. Os usuários estão cobrando o apoio da classe política para impedir a conclusão das obras.
Veja alguns prints:







