Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias foi a grande homenageada na abertura da 81ª Expogrande (Exposição Agropecuária de Campo Grande), realizada na noite desta quinta-feira (4) no Parque de Exposições Laucídio Coelho. Integrante da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, ela se tornou a primeira mulher a estampar um selo comemorativo da feira, em reconhecimento ao seu trabalho pela agropecuária que, além dos mandatos parlamentares, incluem a chegada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Com a nomeação para o Mapa, o qual comanda há cerca de 90 dias –desde o início da gestão do presidente Jair Bolsonaro–, paira sobre Tereza, também, a responsabilidade por políticas para um setor que exalta ser um dos pilares da economia brasileira. E que conta com seu trabalho para apagar incêndios surgidos por alguns atos da atual gestão federal e, ao mesmo tempo, ampliar os mercados internacionais para os produtos brasileiros.
Jonathan Barbosa, presidente da Acrissul, promoveu um ato voltado a produtores e à classe política –na presença do ministro Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional), do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do prefeito Marquinhos Trad (PSD), além de parlamentares e demais autoridades– para abrir “esta que é a nossa festa tradicional”, referindo-se à Expogrande.
Após lembrar que o avô de Tereza, o ex-governador de Mato Grosso Fernando Corrêa da Costa, também presidiu a associação, destacou que o nome da ministra foi escolhido “com muita honra”. “Será a primeira mulher a se tornar selo da Acrissul, estará em todas as cartas da associação para o Brasil”, explicou. A estampa é exclusiva para cartas da entidade.
Homenageada
Além do selo com a imagem da ministra, distribuído entre algumas das autoridades, Tereza ganhou um quadro de Luciano Zamboni, representante da Associação Brasileira de Criadores de Brangus, da qual ela foi uma das fundadoras, e viu sua história ser traduzida em música apresentada por Zé Du durante a solenidade.
Em suas palavras, deixou clara a gratidão pelas lembranças da classe produtora, prometeu usar a estampa para enviar uma carta a Canuto pedindo políticas nacionais para irrigação, “que Mato Grosso do Sul” tanto precisa, e logo se voltou aos meandros da atual atividade política, na qual as reformas da previdência, do Pacto Federativo e tributária apareceram como vitais para que a economia volte a crescer.
Além disso, destacou que, “ser ministra é uma honra, mas um sacrifício muito grande”, explicando que, neste trabalho, está a preocupação em mudar a “imagem errônea” que o mercado internacional tem do país, “de que somos transgressores do meio ambiente e produtores com agrotóxicos que envenenam a população. Essa direção tem de mudar”.
Cenário externo
Em palavras de expectativa quanto ao agronegócio, Tereza Cristina ainda lembrou que um recente surto de peste suína na China fará o país asiático buscar novas fontes de proteína. “E só três países podem atender: Brasil, Estados Unidos e Austrália, sendo que esta perdeu mais de 500 mil cabeças de gado em uma enchente colossal”.
A perspectiva destoa daquela especulada até então, abastecida com acenos de Jair Bolsonaro a Israel (como a abertura de um escritório de representação em Jerusalém, saída encontrada para ainda não se efetuar a transferência da embaixada em Tel-Aviv, algo visto com maus olhos pela comunidade árabe e muçulmana).
“Não existe questão político-ideológica. O presidente quis se aproximar dos Estados Unidos e de Israel. Isso não tem nada a ver com o comércio”, afirmou Tereza a jornalistas, antes da solenidade no tatersal. A ministra organiza junto com a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) um jantar no qual espera reunir 51 embaixadores e líderes de países árabes e muçulmanos, a fim de deixar claro que “a agricultura brasileira sempre foi parceria desses países”.
A ministra também articulou junto ao governo dos EUA inspeções a plantas frigoríficas no país, a fim de retomar as exportações de carne in natura, prejudicadas há dois anos por problemas na vacinação de animais. Entre 10 e 28 de junho, um grupo de trabalho analisará as plantas de produção do país e, em julho, deve dar um veredicto sobre a possibilidade de novamente comprar o produto.
O governador Reinaldo Azambuja, por sua vez, destacou a responsabilidade do Brasil nesse momento. “Precisamos abrir os mercados, ter mais competitividade e valorizar o nosso produto”, pontuou, reforçando que a carne brasileira é barata em relação à produzida em outras regiões, um trunfo também a ser considerado.