Em 2016, o Brasil recebeu o certificado internacional de erradicação do sarampo. Dois anos depois, o trabalho de décadas recebeu um duro golpe, com a volta da circulação do vírus no País, em fevereiro de 2018. Desde então, Mato Grosso do Sul registrou pelo menos 81 casos de suspeita da doença, dos quais, segundo informação da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde, oito ainda estão em investigação. Há ainda um caso que não consta da relação oficial, levando o número de suspeitas para nove.
No ano passado, todos os 54 casos registrados foram descartados, trazendo alívio para as autoridades. Neste ano, foram 27 notificações, 19 delas sem confirmação. Os outros registros ainda estão aguardando resultado de exames.
É o que ocorre com a suspeita envolvendo um bebê de 10 meses, que não havia sido vacinado ainda, e viajou recentemente para São Paulo, onde está havendo surto da doença. No dia 19, a criança apresentou sintomas parecidos com os do sarampo e foi atendida no Hospital São Lucas, em Campo Grande onde houve a notificação para realização dos testes para a detecção do sarampo.
Esse registro não aparece no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) e, dependendo dos resultados, não vai figurar como estatística para Mato Grosso do Sul, pois é considerado “importado”, ou seja, o contágio foi em outra unidade da federação. O mesmo ocorreu com um médico diagnosticado com a doença, também na Capital, depois de ter vindo de São Paulo visitar a família, na semana passada.
Os dados do Sinan foram obtidos pela reportagem nesta quinta-feira (22) por volta das 16h30, junto à Secretaria de Saúde. Segundo os registros deste ano, já houve casos suspeitos em 14 cidades. A maior parte é em Campo Grande, 43 registros investigados desde 2018. No ano passado, as 34 notificações foram descartadas. Este ano, pelos dados oficiais, foram 9 investigados, nenhum confirmado. Agora, há o episódio da criança.
Os técnicos da área alertam, ainda, que todos dias há contatos envolvendo suspeitas e por isso os números mudam a cada 24 horas.
Para não avançar – Antes mesmo de qualquer exame, em todos os episódios, é feito o bloqueio vacinal, para tentar impedir o avanço do vírus e a ocorrência de transmissão “autóctone”, quando o contágio é local. A partir desse momento, o risco de surto é muito maior. Em Campo Grande, o último registro de sarampo é de 2011, de uma turista francesa, ou seja, também importado.
Depois do caso do médico, mais de 90 pessoas foram vacinadas, entre vizinhos do condomínio onde ele ficou em Campo Grande, e funcionários e pacientes do hospital Unimed, onde foi visitar uma pessoa. O protocolo também está sendo adotado com quem teve contato com o bebê com suspeita da enfermidade.
O sarampo é uma doença considerada mais perigosa quando atinge crianças pequenas. Ela tem sintomas parecidos com uma série de enfermidades, principalmente as respiratórias, como febre, tosse e coriza. As manchinhas vermelhas no corpo são a maior característica, mas nem sempre surgem no começo.
Para a confirmação do contágio, são feitos dois testes. Um, com resultado mais rápido, em até dois dias, é no Lacen (Laboratório de Saúde Pública), em Campo Grande, e o outro, fora do Estado, na Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), no Rio de Janeiro, com previsão de até 15 dias para resposta.
Com confirmação ou não de casos, a recomendação das autoridades é para que a população cuide, e muito, da vacinação principalmente das crianças. O vírus só se espalhou no País, depois de ser trazido por uma criança vinda da Venezuela, porque havia pessoas sem imunização, como alertam as equipes de saúde.
Na semana passada, a Secretaria Estadual de Saúde recebeu 20 mil doses da tríplice viral, vacina que protege contra o sarampo. Em Campo Grande, a reportagem do Campo Grande News identificou aumento da procura nas unidades de saúde nesta semana