A arroba do boi gordo continua em alta, principalmente em Araçatuba, onde a cotação chegou a R$ 202, à vista e sem descontar impostos. De acordo com a Scot Consultoria, livre de Funrural e Senar, a cotação fechou em R$ 202 por arroba nesta terça-feira (19). Este é, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o maior valor real e nominal desde a criação do Plano Real, em 1994. Especialistas afirmam que preço nos mercados e açougues também devem continuar subindo por conta da alta da arroba.
Segundo a Scot, o movimento de alta é fruto da dificuldade de originação de boiadas pela indústria e da retirada de animais das escalas por parte dos pecuaristas, que estão de olho em maiores possibilidades de ganho. Neste fechamento, 27 das 32 praças acompanhadas pela consultoria registraram valorizações. Nas outras cinco, a arroba do boi gordo se manteve estável. “Esse preço foi vigente às 11h, contudo, em função da excepcional volatilidade do mercado do boi gordo, os agentes do mercado têm alterado as cotações ao longo do dia”, informa a consultoria.
“A primeira consequência dessa alta está na impossibilidade de fixar um preço de balcão; outro ponto está na dificuldade em alongar o prazo de pagamento. Nessas condições, o poder de barganha está nitidamente na mão do pecuarista”, afirma. Os preços da carne bovina fecharam a semana em níveis recordes. “A tendência é que haja continuidade deste movimento no restante do bimestre, consequência do auge do consumo que pauta este período. Mais importante que o aquecimento do consumo é o enxugamento dos estoques, avaliando as recentes dificuldades enfrentadas na compra de gado”.
Além disso, o forte movimento de alta da carne bovina tende a respingar em outras proteínas de origem animal, avaliando a dificuldade do consumidor médio em absorver seguidos reajustes de um determinado produto, buscando substitutos que mantenham seu poder de consumo. O corte traseiro teve preço de R$ 15,25 por quilo. A ponta de agulha seguiu em R$ 10,10 por quilo, enquanto o corte dianteiro permaneceu em R$ 10,10 por quilo.
AGRONEGÓCIO
O vice-presidente do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste) Marco Viol, explica que o principal fator da valorização do boi gordo é a exportação de carne bovina para a China, o que causa ânimo no setor agropecuário de Araçatuba e região. “O mercado está reagindo positivamente à alta demanda da China, que vem aumentando sua demanda ao longo do ano. Isso é ótimo para o Brasil, já que o agronegócio, assim, traz dólares para o país”.
Além disso, outro fator que colabora com a alta é a expectativa de maior consumo interno. Isso acontece por conta do pagamento do 13º salário e festas de fim de ano, onde o consumidor costuma comprar mais carne. Os analistas também indicam que outro motivo dessa alta da arroba do boi gordo é a baixa disponibilidade de animais. Com esse incremento nos preços, muitos pecuaristas apostam em novas altas e acabam retendo o pouco gado que possui.
Conforme Viol, a valorização do boi movimenta toda uma cadeia, pois o criador também passa a ganhar mais. “Enxergamos um cenário positivo para o mercado que traz cada vez mais diversos benefícios para a economia do município”, diz o vice-presidente, em referência ao crescimento de 2,3% do setor agropecuário em 2019, que foi registrado pela Fundação Seade em análise do PIB (Produto Interno Bruto) da Área Administrativa de Araçatuba.
EXPORTAÇÃO
As exportações de carne bovina in natura do Brasil atingiram máxima histórica para um único mês em outubro, com embarques de 160,1 mil toneladas. O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, em um mercado global com poucos players relevantes, que ainda têm alguns limites para atender a demanda.
A China, que já era um dos maiores compradores do produto do Brasil, aumentou ainda mais a demanda por conta do surto de peste suína que o país enfrenta, exigindo a procura por outras proteínas animais no mercado internacional.
