Com aulas presenciais suspensas desde o dia 23 de março para diminuir o contágio do novo coronavírus (Covid-19), professores têm se adaptado à nova rotina para conseguir cumprir o conteúdo proposto e atender os alunos, que estão em casa.
Debson Picinin atua como professor há 17 anos em escolas públicas e particular de Aparecida do Taboado, lecionando História, atualidades, Filosofia e Sociologia. As aulas nas escolas onde o professor trabalha estão sendo ministradas, no momento, através de atividades enviadas em grupos de Whatsapp e alguns professores estão utilizando vídeos – gravados ou ao vivo – para dar aulas, como é o caso de Debson, que tem realizado transmissões ao vivo (lives) no Facebook.
A professora Francielle de Lima Aguiar, formada em Pedagogia e dando aulas apenas há quatro meses, também teve que recorrer à tecnologia para conseguir estar mais “próxima” dos alunos. Ela, que também dá aula na rede pública e particular, explica que os métodos utilizados são diferentes em cada uma. Francielle comenta que mesmo com os novos métodos, o tempo que leva para preparar uma aula não mudou, mas sim as ferramentas que utiliza para a comunicação com a coordenação das escolas, responsáveis e estudantes.
Já o professor de História relata que além de mais tempo, as aulas online exigem mais esforço, “alguns recursos são novidades para nós, inclusive para professores que têm pouca intimidade com a tecnologia, que acabam enfrentando alguns problemas”, explica. Além disso, Debson conta que a maior dificuldade que encontrou com a nova rotina foi preparar o material para disponibilizar aos alunos e organizar o feedback que recebe dos estudantes por ser tudo de maneira online.
No entanto, de todos os obstáculos encontrados o maior é a desigualdade que impossibilita alguns alunos de acompanharem o conteúdo disponibilizado na internet. Tanto Debson, quanto Francielle afirmaram que a realidade é que alguns alunos não possuem internet em casa, computadores ou celulares para conseguirem acompanhar o restante da turma. De acordo com a última pesquisa realizada pelo TIC Domicílios e divulgada pelo Comitê Gestor da Internet (CG.br) em 2018 cerca de 32% da população no Centro-Oeste do país não tinha acesso a computador e internet em casa.
Os dois professores ainda concordaram que a rotina da sala de aula também faz muita falta, embora a internet seja uma poderosa e necessária ferramenta em tempos como esse. “O que mais me faz falta é acompanhar de perto o crescimento de cada aluno e poder encontrar a dificuldade específica de cada um para poder ajudar”, finalizou Francielle.
O retorno das aulas presenciais nas escolas estaduais, municipais e particulares está previsto para o dia 3 de maio.