Apesar da aparente calmaria, a ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por pacientes com covid-19 tem aumentado em Campo Grande. Para se ter uma ideia, 80,41% de todas as vagas intensivas da macrorregião estão ocupadas, conforme dados da plataforma Mais Saúde, da SES (Secretaria de Estado de Saúde).
Os números indicam 490 vagas de UTI na macrorregião, sendo que 394 estão ocupadas, tanto por pacientes com covid-19 quanto com as demais doenças. Já entre os leitos exclusivos para o novo coronavírus, são 186, com 94 ocupados, o que resulta em taxa de 50,54%.
Segundo a diretora do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), Rosana Leite de Melo, na semana passada ocorreu um “boom” de internações em UTI nos hospitais privados e desde ontem, o Regional já sentiu aumento. Das 50 vagas intensivas para covid, as 50 estão ocupadas, com mais 5 pacientes aguardando transferência para outras unidades de saúde, totalizando 55 pessoas em estado grave.
“Na semana passada teve um “boom” nos privados e aqui no HR, até sábado estava mais tranquilo. Nosso termômetro são os privados, se neles aumenta, aqui aumenta depois de duas semanas. Mas já vimos mais casos chegando domingo e hoje”, sustentou.
Questionando a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Rosana afirma que pela pasta foi informado que também houve crescimento na procura nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), onde chegam os casos suspeitos e sintomáticos. “Me disseram que está tendo aumento de casos considerados leves, mas aumentou o de graves também, que é o que chegou pra gente”, afirmou.
Para ela, este momento é de novo alerta, porque toda estrutura foi desmobilizada com a queda de casos registradas nas últimas semanas, e caso a elevação sentida na última semana permaneça, não se sabe se haverá tempo hábil para retomar os 118 leitos que o hospital mantinha para a doença. “Pode faltar estrutura e pessoal”, alertou. “Talvez consigamos 118 leitos de novo, mas muitos médicos já desistiram do contrato que havia”.
Reinfecção e negacionismo – a diretora-presidente comenta ainda que o HRMS também já está em alerta para possíveis casos de reinfecção, ou seja, pessoas que já tiveram a covid-19 uma vez, mas que voltaram a ser infectadas.
“Falei com a SES pra entender isso, porque estão sendo analisados casos de infecção que ocorreram há três, quatro meses e agora de novo. Se isso se confirmar, vai ter que haver novamente uma ação incisiva com a população”, disse.
Na avaliação de Rosana, a população no geral entrou numa fase de “negacionismo total” com “bares cheios, todos lá nas rodas de tereré, ninguém usando máscara, só usam onde cobra. É preciso retomar o convencimento das pessoas”, avalia.
Mesmo sem nenhum caso de reinternação por covid-19 no HRMS até agora, a diretora afirma que o hospital está alerta para isso.
Privado – Nota do Hospital Unimed, informa que nesses primeiros 16 dias de novembro, a quantidade de atendimentos no Pronto Atendimento de Síndrome Respiratória, ala separada das demais para atender casos da Covid-19, já houve 2.090 atendimentos, número maior que o registrado em todo mês de outubro.
“Atentos a essa situação, seguimos fazendo um alerta à população: a sociedade precisa focar suas energias em medidas que trazem o maior resultado neste momento, e o foco é manter o distanciamento social, higiene adequada das mãos e o uso de máscaras. Medidas fundamentais de cuidado e prevenção amplamente divulgadas pela cooperativa médica desde o início da pandemia”.
O hospital informou ainda que “diante do aumento significativo de casos até o presente momento”, já reforçou as equipes de plantão, mas que “por conta do elevado número de atendimentos, é possível que haja demora, por isso pedimos a compreensão de todos”.