O Mato Grosso do Sul poderá contar dentro de poucos anos com duas rotas estratégicas para expansão de suas atividades de mercado e saída de produtos do país. Isso porque na manhã desta sexta feira (18), o governador Reinaldo Azambuja esteve reunido com os ministros paraguaios da Indústria e Comércio, Gustavo Leite, e Obras Públicas e Comunicações, Ramón Jiménez, para selar acordos comuns com o objetivo de incrementar a logística e a produção nas regiões.
Acompanhados do embaixador do Brasil no Paraguai, José Felício, e do embaixador do Paraguai no Brasil, Manuel María Cáceres, as autoridades definiram quatro pontos importantes a ser executados. O intuito é criar uma hidrovia com saída pelo Atlântico e uma rodovia que cruze o Paraguai, chegue na Argentina e também na Bolívia.
O governador revelou durante coletiva de imprensa que recebeu a confirmação dos ministros da conclusão do trecho que liga Concepción ao Rio Apa. “Com isso vamos executar um tratado para construção da ponte sobre o Rio Paraguai em Porto Murtinho. Isso possibilita o Paraguai abrir uma rodovia que liga Carmelo Peralta que é na divisa com o Mato Grosso do Sul, até Marechal Estigarriba, na divisa com Argentina. Esse trecho, no Paraguai, totaliza 360 km, que após pavimentado possibilita a saída para o oceano Pacifico”, explicou.
Reinaldo informou também o fechamento do acordo que liberada a circulação de caminhões bitrem, no intuito de viabilizar o transporte de grãos produzidos em Mato Grosso do Sul até o Porto de Concepción, bem como liberar o acesso ao estado aos bitrens paraguaios. “É um termo de acordo para permitir o fluxo, que já existe no Rio Grande do Sul com o Uruguai. Será o mesmo modelo que fecharemos”, explicou.
“Houve ainda um pedido de Ramón (Jiménez) para assinatura de um tratado para ligar Valemi, no Paraguai, a Porto Murtinho, por uma ponte que seria construída sobre o rio Apa porque o Paraguai está terminando uma pavimentação de uma rodovia ali que vai até Concepción. São quatro pontos importantes e que vamos encaminhar agora os tratados para obras que ja estão em andamento e que vão possibilitar o avanço da integração entre MS e o país vizinho”, afirmou Reinaldo.
Conforme informações do governador, para a ponte em Porto Murtinho já existe um projeto executado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), avaliado em U$ 30 milhões, com custo de 50% para cada país, o qual deverá ser assumido pelo país vizinho para posterior ressarcimento.
“Estou com um documento assinado pela presidente Dilma, presidente Horácio Cartes (Paraguai), presidente Michelle Bachelet (Chile), presidente Mauricio Macri (Argentina), que dá prioridade ao corredor bioceânico. Tem um trecho um pouco maior rodoviário, mas economizamos 11 mil quilômetros através do Pacífico, sem ter que atravessar pelo canal do Panamá. Tudo tem uma lógica. Os estudos mostram que a saída pelo rio Paraguai é o melhor caminho para as riquezas de MS. Agora temos que efetivar para dar liberdade e segurança jurídica aos empresários que vão utilizar as rotas”, finalizou o governador.
Paraguai comemora construção de vantagens competitivas
O ministro paraguaio da Indústria e Comércio, Gustavo Leite, comemorou o que chamou de construção de vantagens competitivas. “Vamos dizer assim: nós sonhamos em jogar basquete na NBA. Mas como somos pequenos, precisamos ser ágeis. Então, estamos fazendo isso: vamos converter nossos países em uma região próspera, para melhor as vida das pessoas, com emprego e dinheiro no bolso. Nossa integração física e econômica é inevitável e nós vamos transformá-la em quase espetacular. O mundo fixa os preços e nós faremos frente com menores custos. Trabalhando e pensando juntos vamos melhor e mais rápido”, declarou.
O embaixador do Brasil no Paraguai, José Felício, frisou o salto da presença de indústrias brasileiras no país vizinho. “Houve um crescimento importante da presença brasileira no Paraguai. Nos últimos dois anos os investimentos de empresas brasileiras aumentaram em U$ 300 milhões, nas áreas de plástico, embalagem, couro, metalúrgico. Isso sem contar o tradicional investimento na agropecuária. Então, existe um estímulo grande do Paraguai em atrair investimento de outros países, mas com o Brasil, devido a proximidade, é muito mais intenso”, informou.
Desenvolvimento econômico de MS foca na integração
O Secretário de Estado Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, Jaime Verruck, explicou que o estado está executando um importante projeto com foco no desenvolvimento econômico na região de fronteira. De acordo com Verruck, para que a integração ocorra é preciso antes de tudo, resolver o problema de logística.
“São dois pontos. O primeiro é a hidrovia de Concepción, no Paraguai, como porto logístico de integração, levando carga de MS ao invés de sair de Paranaguá e de Santos. A outra proposta é executar a rodovia chegando ao oceano Pacífico. São 830 quilômetros de asfaltamento. Então cria-se um corredor: a hidrovia sai pelo Atlântico e a rodovia cruza o Paraguai, chega na Argentina e também na Bolívia. O Brasil ganha muito na expansão das atividades tanto de mercado, como na saída de produtos”, detalhou o secretário.