Mato Grosso do Sul, no sistema tradicional de cultivo agrícola, consegue colher em um ano 2 safras de grãos. Entretanto, com a instalação da irrigação, este patamar se elevaria com praticamente uma safra a mais por ano, resultando no possível aumento superior a sete milhões de toneladas de grãos produzidos no Estado. O tema foi amplamente abordado em dois encontros ocorridos na semana passada com a presença de representantes do Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS.
"A irrigação é usada em caso emergencial, é uma suplementação, que pode modificar o cenário agrícola local", afirma a consultora técnica da instituição, Daniele Coelho, enfatizando que a safra, que pode ser conquistada com o sistema, é enquadrada dentro do período já estabelecido por lei, respeitando o vazio sanitário e outras medidas preventivas, considerando que, sem a estiagem, é possível inserir mais uma safra em dois anos.
O primeiro encontro sobre irrigação foi realizado na sede da Casa Rural, com a participação de nove membros da diretora da Associação dos Irrigantes de Mato Grosso do Sul, representada por Paulo Lima. Além de Daniele, também participou da reunião o gestor do Departamento Técnico da instituição, Justino Mendes. A associação tem atualmente mais de 20 membros.
Para Daniele, o sistema apresenta dois obstáculos em sua expansão, o primeiro é a energia elétrica, considerando que não há na zona rural disponibilidade ideal de rede. "Há uma restrição de acesso e de capacidade suficiente para viabilizar a expansão do sistema". O segundo é o licenciamento ambiental, diante das exigências que acabam inviabilizando o processo de irrigação. "O excesso de burocracia desestimula o produtor a investir. O produtor que opta pela adesão à irrigação já está em um nível alto de precisão em sua linha de produção do agronegócio".
O segundo encontro foi realizado na sede do Sindicato Rural de Campo Grande, com consultores e produtores rurais ligados à irrigação, entre eles, a consultora técnica do Sistema Famasul, Daniele Coelho, e o diretor de Licenciamento Ambiental do Imasul – Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, Ricardo Eboli. Com objetivo principal de sensibilizar o governo estadual de que o Mato Grosso do Sul tem potencial para transformar 4 milhões de hectares, atualmente com cultivos tradicionais, em sistema irrigados, trazendo ganhos para diversos setores no Estado.
"Há produtores e consultores dispostos a encarar este desafio e, para que haja esse avanço, precisamos de políticas públicas que nos apoiem nesta evolução", reforça Danielle. Durante a reunião, ficou acordado, com Eboli, que o grupo elaborará um estudo técnico com contribuições do setor para desburocratizar o licenciamento ambiental para a irrigação.
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