Campo Grande (MS) – Já imaginou aprender a construir robôs na escola? Muitos pensam que é caro, contudo, um professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) teve a ideia de usar o chamado lixo eletrônico, ou seja, peças velhas de computadores, celulares, baterias e eletrodomésticos, para ensinar alunos a construírem robôs.
O trabalho é feito pelo professor Dalton Pedroso de Queiroz, do curso de Ciência da Computação, que leva educação ambiental para escolas e de forma multidisciplinar e inovadora utiliza o Lixo Eletrônico para ensinar robótica. Segundo ele, esse tipo de lixo é bastante nocivo à saúde humana, mas a grande maioria da população em geral não sabe disso.
Nas aulas também é apresentada a Robótica Educacional Livre, “é uma área que vem sendo desenvolvida no campo da educação, em que se busca levar experimentos de robótica para enriquecer o aprendizado dos alunos, sendo que estes robôs são feitos a partir do reuso do lixo eletrônico. Dessa forma conseguimos unir educação ambiental, tecnologia e educação”, explicou.
De acordo com o docente, a robótica tem se mostrado uma grande aliada no desenvolvimento intelectual dos alunos, principalmente na área das exatas, em que muitos apresentam dificuldades. Entretanto, um dos problemas da aplicação da robótica nas escolas públicas é que a sua implantação é bastante cara, bem como sua manutenção e nem sempre os gestores públicos estão dispostos a investir uma soma elevada em metodologias desse tipo.
“Mas, com a Robótica Pedagógica Livre, o custo se reduz extremamente, pois os kits para montagem dos robôs e os sistemas computacionais necessários são todos reaproveitados de equipamentos eletroeletrônicos obsoletos que foram descartados e geralmente são doados, ou seja, o custo com peças e montagens cai praticamente a zero. Dessa forma é possível levar uma tecnologia de ponta (robótica) na escola pública, com a mesma qualidade dos kits de Robótica vendidos no mercado (Lego, Modelix, etc) ”, disse.
O projeto foi realizado pela primeira vez em Dourados na Escola Estadual Antônia da Silveira Capilé. Neste ano está sendo executado em uma escola de Dourados e outra em Fátima do Sul.
O aluno do 3° ano do Ensino Médio, William Matheus Michel Braucks, que participou da primeira edição do projeto, disse que aprendeu muito e obteve uma nova perspectiva a respeito das colaborações entre diferentes ciências. “Esse projeto acabou sendo muito interessante, em especial pela parte da pesquisa. Ter ido à busca de diversas informações a respeito, principalmente, de física, mas, claro, também das questões ambientais foi bastante interessante para mim. Desenvolvi diversas noções dentro de física que eu não tinha antes, assimilei novos conceitos e por aí vai; era exatamente o que eu esperava quando topei participar do projeto: aprender”, relatou Braucks.
Desmontando as máquinas, os alunos foram descobrindo as peças que poderiam ser reutilizadas para o curso de robótica. Com isso foi possível montar um kit mecânico usando parafusos, porcas, molas e apoios metálicos reaproveitados do lixo eletrônico. Os alunos foram incentivados a pesquisar na internet robôs simples e tentarem reproduzi-los usando o kit.
“As partes perfuradas de plástico são excelentes para as conexões mecânicas e estruturais, pois os furos são usados para fixação de parafusos, unindo uma parte na outra de maneira fácil e prática. Também as tampas de gabinetes podem ser usadas como estruturas reforçadas através do corte emoldurado”, disse o professor.