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Recuperação das lavouras deve garantir boa performance do agronegócio em 2017

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  A economia do agronegócio brasileiro deverá ter um ano positivo em 2017, com crescimento da receita e dos negócios com commodities em função de uma safra recorde que beneficia as exportações e a produção de proteína animal no país, além de uma possível recuperação do poder de compra dos consumidores, disseram especialistas e lideranças do setor.
  O grande motor da economia agropecuária do país no próximo ano deverá ser uma safra recorde de grãos que atingirá 213 milhões de toneladas no ciclo 2016/17, cujas colheitas começam já no primeiro trimestre do ano que vem. Se confirmada, a produção de grãos, puxada por soja e milho, será 14 por cento maior que a registrada na temporada anterior, quando a seca afetou fortemente as produtividades, especialmente do cereal.
  "Na contramão da economia brasileira, o agronegócio aponta para um desempenho positivo em 2017 por causa do horizonte de melhora da receita agrícola (das lavouras). Temos pela frente preços relativamente estáveis… e temos o aumento da produção de grãos", disse o sócio-diretor da consultoria MacroSector, Fábio Silveira.
  Outro segmento que poderá contribuir com os resultados do agronegócio é o da produção de açúcar. Apesar de uma possível safra menor de cana no centro-sul, principal região de plantio, as usinas deverão elevar o volume fabricado do adoçante. Consultorias estimam também que um grande volume de negócios já foi fechado para entrega ao longo de 2017, com vendas a preços bastante elevados.
  A entrega de fertilizantes para produtores rurais em 2016 até novembro apresenta alta de 11 por cento e caminha para fechar o ano com volume recorde. O maior uso de adubos é um forte indicativo de investimento dos agricultores em tecnologia e de boas produtividades na nova safra.
  Entre produtores de aves e suínos também há otimismo, especialmente devido à maior oferta de milho, principal ingrediente da ração, que teve o abastecimento prejudicado ao longo de 2016 após fortes exportações e uma quebra da safra de inverno.
  A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne as grandes empresas de aves e suínos, projeta um crescimento de 3 a 5 por cento na produção de carne de frango no país em 2017 e de 2 por cento na produção de carne suína.
  Já no setor de carne bovina, "a gente deve ter uma oferta maior de carne e boi no ano que vem, por conta do ciclo da pecuária e da diminuição do número de animais confinados", projetou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, sem detalhar uma previsão de volume de produção para 2017.
  Apesar de grande exportador de carnes, o Brasil depende do seu mercado interno para absorver a maior parte da produção de bovinos, aves e suínos. Em todos esses setores as vendas foram prejudicadas em 2016 por uma perda do poder de compra dos consumidores em um cenário de recessão, aumento do desemprego e inflação.
  "No mercado brasileiro, a possível recuperação econômica poderá influenciar os níveis de consumo de proteínas, melhorando a oferta interna e reestabelecendo patamares (de consumo) per capita semelhantes aos de 2015", disse o presidente da ABPA, Francisco Turra.
  Especialistas também disseram que a melhora na condição financeira de empresas e famílias deverá aumentar o volume de depósitos bancários à vista e provocar queda do endividamento, o que poderia gerar crescimento na oferta de crédito rural.

CÂMBIO E INCERTEZAS POLÍTICAS
  Apesar de uma perspectiva sólida de aumento de produção nas fazendas, ainda há incertezas sobre outros fatores que afetam diretamente o agronegócio, como o câmbio e a política.
  "Hoje a questão política tem um peso extraordinário nas questões econômicas. Estamos vivendo uma crise política de uma dimensão impressionante. O fator mais difícil para 2017 é a imprevisibilidade", disse o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Caio Carvalho.
  Economistas de instituições financeiras estimam que a inflação do país (IPCA) deverá cair para 4,90 por cento em 2017 ante 6,52 em 2016 e que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá 0,7 por cento no ano que vem, ante retração de 3,48 por cento no fechamento deste ano.
  "O agronegócio tem um cenário bem satisfatório para um ano em que a economia (do país) vai andar de lado. Não é que o agronegócio vai ficar imune, é que ele tem um pouco de regras próprias", avaliou Silveira, da MacroSector.
  Um dos fatores que mais influencia a receita de produtores e indústrias do setor agropecuário é o câmbio, já que os principais produtos são commodities com preço atrelado ao mercado internacional.
  "Se tiver uma desvalorização rápida na nossa moeda, nosso preço pode subir. A probabilidade de isso acontecer é menor, mas pode acontecer. Câmbio é algo para se ficar atento", disse o vice-presidente-executivo da entidade, Ariovaldo Zani, destacando que uma subida inesperada nos preços de grãos poderia ser benéfica para agricultores, mas prejudicar produtores de aves, suínos e confinadores bovinos, além de sacudir a previsão financeira das grandes tradings.
  De acordo com a pesquisa Focus, o dólar, que deverá fechar 2016 em 3,39 reais, poderá encerrar 2017 em 3,45 reais. Na opinião com os especialistas em agronegócio, este patamar cambial deverá ser suficiente para garantir boa rentabilidade ao setor.
  "Em termos de preços (em reais) não vejo grandes elevações. Os volumes (produzidos) farão a diferença", completou Silveira.

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