Artigo de Opinião: “DEPOIS QUE SE CHEGA AO TOPO, SÓ SE PODE IR MORRO ABAIXO”

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Artigo de opinião
Por Joãozinho Barboza*

Assistindo a espetacular série “Vale o Que Está Escrito” – Globoplay, em determinado trecho, o competente narrador Pedro Bial solta a seguinte pérola “Quando se chega ao topo, só se pode ir morro abaixo”, em uma alusão aos personagens centrais da série, os contraventores do jogo do bicho no Rio de Janeiro.

Ao ouvi-la, um “sininho” tocou na minha cabeça, e me despertou, primeiro surpresa por não ter pensado nisso antes, e depois riso pela obviedade. Fiquei ali, sentado no meu sofá refletindo e digerindo essa frase tão emblemática, que na voz de Pedro Bial, tomou um rumo quase que apocalíptico.

Como eu não tenho familiaridade com a rotina da contravenção que a gerações domina o cotidiano carioca, fiz um recorte cirúrgico mental dessa fala, e a trouxe para um tema que gosto, e tenho certa familiaridade – o campo político, e passei a fazer uma analogia entre a frase e o apego que os políticos têm ao cargo, que é transitório e passageiro, e a relação com o poder. E mais, nesse mundo digital que vivemos, saquei meu celular, fui até minhas modestas redes social e publiquei essa maravilha. Ah, meus queridos e queridas, para minha surpresa meu dia ficou agitado, recebi uma verdadeira enxurrada de mensagens privadas me indagando: para quem era o recado; quem tinha feito o que para eu postar tal frase; para quem era a indireta, e por aí foi.

De início, fiquei um pouco assustado com a repercussão, mas depois comecei a me divertir com a preocupação de pessoas que eu nunca imaginava que via minhas postagens se incomodassem com elas. Eu sou um frequentador de redes sociais com poucos seguidores, que num sábado de manhã resolvo transcrever uma frase tirada de uma série e que repercute dentro de uma pequena cidade do interior, que de certa forma, veio tanto incomodar algumas pessoas de nossa sociedade.

Foi nesse contexto que eu entendi que não precisa ser um grande “influencer” ou um destaque nas mídias sociais para causar alvoroço. Mas sim, tem que apenas dizer aquilo que essas pessoas receiam ouvir, se ressentem em ser confrontadas com a realidade e que se recusam a entender que é uma total ilusão pensar que o poder é eterno.

Na realidade não enderecei e nem tentei atingir ninguém, mas se atingiu, se a carapuça serviu, eu só lamento. E citando o escritor Cassio Marques, para encerrar essa divagação quase que lúdica, deixo a seguinte reflexão: “Todo poder é efêmero. Pena que os insensatos vivenciam-no com tanta intensidade, que se inebriam com a cegueira do orgulho, sem atentar que esse falso triunfo, deixará rastros de irreversíveis aversões, sobretudo naqueles que lhes eram próximos.”
*Joãozinho Barboza é tecnólogo em recursos humanos com MBA em gestão de pessoas, produtor cultural, diretor de cultura de Aparecida do Taboado no período de 2001 a 2004, diretor de cultura e turismo do município de Nioque de 2005 a 2008, membro do fórum estadual de cultura e conselheiro estadual de cultura de 2002 a 2006, eleito delegado estadual de cultura para representar a região da Costa Leste na Conferência Nacional de Cultura em Brasília em março de 2024.

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