Aparecida do Taboado (MS) – Os trabalhadores dos Correios entraram em greve em todo o país na noite desta segunda-feira. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentec), não há prazo para o fim da paralisação. Os grevistas são contra a privatização da estatal, reclamam do que chamam de “negligência com a saúde dos trabalhadores” na pandemia e pedem que direitos trabalhistas sejam garantidos.
O Costa Leste News entrou em contato com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso do Sul, Elaine Regina de Souza Oliveira, na manhã desta terça-feira (18) depois de constatar que a agência local ainda não havia aderido ao movimento. Segundo ela, foi feito um chamado para adesão em massa e a qualquer momento a agência de Aparecida do Taboado pode interromper o atendimento.
Elaine afirma que, desde julho, os sindicatos tentam dialogar com a direção dos Correios sobre estes pedidos, o que, segundo ela, não aconteceu. A presidente ainda ressalta que, em agosto, as entidades foram surpreendidas com a revogação do atual Acordo Coletivo que estaria em vigência até 2021.
Segundo o site da Fentec, “foram retiradas 70 cláusulas com direitos como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte, auxílio creche, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, pagamento de adicional noturno e horas extras”.
Outros motivos da greve, segundo a federação, são a possível privatização dos Correios e o “aumento da participação dos trabalhadores no plano de saúde, gerando grande evasão, e o descaso e negligência com a saúde e vida dos ecetistas na pandemia da Covid-19”.
No comunicado publicado no site da Fentec, o secretário geral da federação, José Rivaldo da Silva, afirma que “o governo Bolsonaro busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. (…) Privatizar é impedir que milhares de pessoas possam ter acesso a esse serviço nos rincões desse país, de norte a sul, com custo muito inferior aos aplicados por outras empresas”.
Elaine reforçou que os Correios não geram ônus para a União, como tentam pregar, pelo contrário, “é uma empresa que repassa verbas para a União”; além disso, “é a única que atente 100% os municípios do interior em todo o país”.
A presidente do Sindicato de MS ainda reforçou que o monopólio, outro motivo usado para justificar a privatização, está apenas na entrega de cartas, “nós temos um mercado concorrencial aberto e, mesmo assim, os Correios lidera pela confiabilidade. Somos nós que fazemos a entrega, por exemplo, de livros didáticos, vacinas, urnas eletrônicas, provas do Enem, e em todo o canto do país”.
Elaine também fez questão de ressaltar que a greve, ainda que aconteça em tempos de pandemia, não é por privilégios ou reajuste salarial, mas “para garantir a manutenção de direitos”, que ela ainda frisou que foram conquistados em mais de 30 anos de luta, “nós queremos que nossos direitos sejam mantidos, só isso”.