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Covardia sem punição: a cada 44h um animal é vítima da crueldade humana em MS

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    Covardia sem punição. Essa pode ser a maneira mais apropriada para se definir ações violentas contra animais que resultam em ferimentos, sequelas e até mortes. O assunto cada vez mais ganha espaço no setor policial, mas tem o mesmo fim: a impunidade. Estatísticas da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e Proteção ao Turista (Decat) revelam aumento em denúncias de maus-tratos no Estado. Nos últimos dois anos, a cada 44 horas, um animal foi vítima da crueldade humana.
    Enquanto que em 2014 houve 190 denúncias, em 2015, foram 197, representando um maltrato a cada 44 horas. Do último total de casos, 53 ocorreram em Campo Grande. No primeiro mês deste ano, a polícia já registrou 45 Boletins de Ocorrência dessa natureza, no Estado.
    O último episódio de maus-tratos, divulgado pela imprensa da Capital, teve grande repercussão por ter envolvido um estudante de medicina. O rapaz, de 24 anos, foi flagrado atirando com espingarda de chumbinho em um uma gata que caminhava por calçada, no Bairro Monte Carlo. O animal morreu dias depois. 
    O autor da crueldade estava em um HB20 e, além de pessoas que viram, a ação foi registrada por sistema de monitoramento de uma casa, cujas imagens serviram como provas contra ele. O estudante chegou a prestar depoimento na polícia, mas por se tratar de crime de menor potencial ofensivo, foi liberado.
    Entre os casos do ano passado, um que gerou comoção pública foi o da cadelinha Vitória. A vira-lata, de cerca de três meses, morreu depois de ser espancada, ter parte da pele arrancada e ser abandonada, no mês de junho. Três pessoas foram indiciadas pelo crime de maus-tratos, entre elas a dona do animal, Fernanda Ribeiro dos Santos, de 37 anos. Mas, todos permanecem em liberdade.
    Estes não foram casos isolados que deixam indignação pela impunidade, principalmente, em protetores e simpatizantes de animais. O delegado titular da especializada, Wilton Vilas Boas, explica que o crime ambiental prevê de três meses a um de detenção e multa, caso o autor seja condenado. No entanto, raramente, isso acontece. “A pena é branda e na maior parte dos casos há acordo, como prestação de serviço, por exemplo. Encaminho o inquérito ao judiciário, mas por se tratar de menor potencial ofensivo a promotoria tenta resolver de forma alternativa para evitar a prisão”, comentou.

Formas de ser cruel
    Ainda conforme a autoridade policial, são diversos os tipos de maltrato a animais e a maioria das vítimas são cães e gatos . “No ano passado foi grande a quantidade de envenenamento. Depois, disparo com arma de chumbinho. Também há casos de espancamentos e privação de alimentos. Temos casos também de cavalos, mas por trabalho excessivo”.
    O delegado explica, ainda, que episódios de envenenamentos, geralmente, envolvem gatos. "Moradores incomodados optam em resolver o problema dessa maneira. Por outro lado, o dono não cuida. Vale lembrar que cuidados não é só alimentar, mas evitar que o animal gere transtornos aos vizinhos”, orientou.
    Sobre a motivação da crueldade praticada contra animais, Vilas Boas destaca: Há até casos de vinganças. “Próprios donos destratam para se vingar de forma indireta quando há conflito familiar. O animal é que acaba no alvo. Também há pessoas que são cruéis por prazer”, sinalizou.

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