Com 767 sepultamentos em decorrência do coronavírus no Estado, Mato Grosso do Sul segue com alto número de mortes por Covid-19. De Aparecida do Taboado, o jovem Matheus Henrique, de 24 anos, é a pessoa mais jovem no Estado a morrer com a doença desde o início da pandemia, sem qualquer comorbidade relatada no boletim oficial divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde. No entanto, o rapaz teve o pulmão comprometido em mais de 80% pelo vírus.
Dos óbitos recentes, metade foi registrada em Campo Grande, onde mais 9 pessoas faleceram no domingo, mesmo número de segunda-feira (24); até ontem, a Capital somava 305 óbitos. Já Aparecida do Taboado, com 494 casos confirmados da doença nesta terça-feira, registra atualmente o total de 9 mortes.
Na avaliação da Secretaria Estadual de Saúde, as estatísticas deixam claro que ainda falta muito para Mato Grosso do Sul superar a doença. “Quem vivencia, está apavorado. Está chegando pessoas com grau muito crítico. Tem gente que falece no mesmo dia. Isso mostra que temos falhas no monitoramento, no rastreamento. Tem município que está falhando e falhando grosseiramente”, criticou o secretário Geraldo Rezende.
Até ontem, no Estado, já eram 44.324 contaminados. Atualmente, quase 7 mil são transmissores em potencial porque ainda têm o vírus ativo. Em Aparecida do Taboado, esses números são de 494 casos confirmados, mas apenas 46 com vírus ativo, sendo que 8 estão internados, dos quais 2 na UTI de Paranaíba.
Na semana, o Estado tem média de 13,6 mortes; em Campo Grande, esse índice é de 6,6%. A letalidade em Mato Grosso do Sul permanece sem alteração desde o início de agosto, onde 1,7% dos infectados morrem. Mas em algumas cidades, a taxa é o dobro, como Corumbá (3,7%). Com mais que o dobro de óbitos registrado em apenas 1 mês, Aparecida do Taboado tem taxa de letalidade de 2,05%, o que levou o MP a emitir alerta à população aparecidenses nesta terça-feira (25).
A média móvel dos últimos 7 dias é de 847 infectados por dia no Estado, 408 deles na Capital. “Tem gente falando que a doença já está sob controle, isso não é verdade”, reforçou Resende.
Os dados que chegam dos laboratórios demonstram alta taxa de positividade, quase 30% dos exames dão resultado positivo. A quantidade de pacientes internados também preocupa. Há duas semanas, são mais de 500 em hospitais. Hoje, dos 513 internados, 238 estão em UTIs. A taxa de ocupação cresceu um pouco, mas segue abaixo de 80% em todas as macrorregiões, exceto Paranaíba que já tem 90% dos leitos ocupados segundo confirmou agora a pouco a Assessoria de Comunicação da Prefeitura.
Segundo o secretário, um agravante é que Unidades de Terapia Intensiva não foram ativadas por falta de profissionais. “Tem muitos leitos anunciados, sem recursos humanos, sem médicos, sem enfermeiros. Não podem ser ativados neste momento”. Outra preocupação, conforme a SES, é em relação aos medicamentos de combate ao coronavírus. “Há falta de medicamentos no Brasil como um todo. Então, a dificuldade é muito grande também em relação aos medicamentos. Mais um motivo para cada um fazer a sua parte, como usar máscaras, evitar aglomerações. Se supermercado estiver lotado, volta em outro momento para fazer as compras”, alertou a secretária-adjunta de Saúde, Christinne Maymone. (Com informações do Campo Grande News)
O Jovem
O aparecidense Matheus Henrique Barbosa Elias, vítima fatal nesta segunda-feira (24), é o paciente mais jovem a morrer com Covid-19 em Mato Grosso do Sul desde o início da pandemia. Segundo o Governo do Estado, ele não possuía comorbidades, ou seja, doenças preexistentes.
Ele testou positivo para a Covid-19 na quinta-feira passada (20) após realizar exame em laboratório particular. O Costa Leste News tentou extrair mais informações sobre o caso nesta terça-feira, mas a chefe da Vigilância Epidemiológica, Eugênia Paiva, não quis comentar o caso na ausência da secretária de Saúde que está afastada desde a semana passada, contaminada pelo vírus.
Entretanto, conforme apurou o MidiaMax, o rapaz passou mal no dia seguinte ao obter o resultado positivo do exame e procurou o hospital, precisando ser entubado no mesmo dia, já que estava com dificuldade respiratória. Segundo a secretária Tatiane Bernardes confirmou ao Costa Leste News por telefone, ele já estava com mais de 80% do pulmão comprometido.
Segundo o avô do rapaz, Jonas José Barbosa, de 62 anos, ele era um jovem saudável e a família se assustou com a rapidez com que a doença o debilitou. Ainda conforme o avô, o neto ficou isolado após apresentar os sintomas e família deve realizar exames nos próximos dias, pois parentes tiveram contato com a vítima.
“Ele fez o exame na semana passada porque estava com febre. Ele começou a apresentar sinais, ficava deitado e febril. Foi para o hospital e chegou a ser liberado, mas voltou e ficou internado com o pulmão fraco”, disse. Por conta das medidas de biossegurança, o jovem foi sepultado sem velório. “Para mim isso é terrível, não vi meu neto”, lamentou Jonas.