Em Mato Grosso do Sul, atualmente há cerca de 30 produtores de orgânicos registrados e com certificação. E para quem fica na dúvida quanto à procedência ou se de fato a produção é livre de agrotóxicos, por exemplo, algumas dicas importantes: a maioria dos certificados atua no sistema da agricultura familiar, conta com suporte da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Sebrae e Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e o selo de comprovação precisa ser renovado anualmente.
Livres de agrotóxicos, hormônios ou qualquer tipo de insumo, alimentos orgânicos são cada vez mais procurados pelo consumidor preocupado com a saúde e o meio ambiente. O conceito é simples, mas o processo de produção e certificação depende de uma série de fatores e apenas após a comprovação de que a produção é ecologicamente correta que o produtor é certificado.
No caso de Mato Grosso do Sul, são produtores de frutas, verduras, legumes, lácteos, doces e mel dentro das normas, que no caso de hortifruti, incluem avaliação sobre se a muda ou semente que deu início à produção tem origem orgânica, se não há qualquer indício de trabalho análogo a escravo na propriedade e se não existe vestígio de uso de agrotóxicos ou insumos artificiais na produção e em toda a extensão da área produtiva. No caso de derivados de animais, como leite, por exemplo, a vaca precisa ser alimentada com produtos naturais e sem qualquer uso de medicamentos alopáticos.
A certificação pode ser feita via contratação particular de empresas certificadoras por parte do produtor ou em parceria com as entidades de apoio, como o Sebrae. A assessora de Agronegócios do Sebrae/MS, Natália Leite, explica que o processo de certificação é rígido e não basta adquiri-lo, é preciso manter a atividade agrícola ou a produção de acordo com as regras.
“A certificação é feita por dois funcionários da empresa contratada, que analisam cada detalhe do material, espaço e produção. Além disso, o selo orgânico tem validade de um ano e, neste período, fiscais farão visitas surpresa para conferir se houve continuidade do trabalho correto”, comenta.
O valor de uma certificação fica em torno de R$ 1.200, mas pode variar de acordo com a região e a quantidade de produtores interessados no selo. “Quanto mais produtores de uma mesma área trabalharem com orgânicos e solicitar o registro, menor fica o valor”, destaca Bruna.
No caso de produtores familiares atendidos por consultorias, como a do Sebrae, o investimento pode ter parte subsidiada.
Setor em expansão – Durante a Rota do Desenvolvimento, entre os dias 7 e 9 deste mês, uma feira de produtos orgânicos mostrou a potencialidade do setor, que apresenta crescimento em Mato Grosso do Sul. Entre os expositores estava Fátima Braz que, junto ao marido, é proprietária de um apiário em Terenos – município distante 25 Km de Campo Grande.
No caso dela, todo o trabalho é familiar e iniciou há 10 anos. Atenta à importância do cultivo correto, sem agredir ao meio ambiente e na crescente demanda do mercado por orgânicos, há cinco anos a família buscou capacitação para mudar sua produção de acordo com os padrões do cultivo orgânico.
Entre os produtos de maior sucesso estão o mel comum e o com pimenta, invenção do marido de Fátima, Nicanor Ramos. “Iniciamos nosso trabalho com mel porque o investimento inicial não era alto e a aceitação no mercado é grande. A mudança para o orgânico mais uma vez seguiu à crescente demanda por produtos naturais, é um novo mercado que se abriu”, avalia Fátima.
Com produção média de 1 tonelada de mel por safra, o apiário familiar abastece dois restaurantes da Capital, sendo um dedicado à alimentação saudável e outro de grande porte. “Não podemos reclamar, a produção é boa e o investimento valeu a pena. Os consumidores procuram cada vez mais produtos naturais, que façam bem à saúde e não degradem a natureza”, avalia Nicanor.
As vendas também já atendem os estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em menor escala, apenas via internet, não comprometendo desse modo o abastecimento do mercado regional.
O custo de um produto orgânico é um pouco maior do valor da produção em outros métodos, como a agricultura familiar, por exemplo. Mas, o conceito de que orgânico é caro está se dissolvendo entre os consumidores.
“Aos poucos, as pessoas perdem essa imagem que consumir orgânico é mais caro. A demanda é tão grande que a feira realizada semanalmente na Praça do Rádio Clube tem os itens de horta vendidos em poucas horas. Para atender a demanda, há produtores trabalhando em outras feiras, diante de tanta procura”, comenta a assessora de Agronegócios do Sebrae/MS, Natália Leite.
A maioria da empresas certificadoras vem de outros Estados, mas em Mato Grosso do Sul há a Apoms (Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul) que, com reconhecimento do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), tem autorização para certificar as empresas produtoras de orgânicos há cerca de dois anos.
Voltada principalmente para a agricultura, o presidente da associação, Raimundo Hossi, destaca que o diferencial deste modelo de certificação é um sistema participativo, como uma cooperativa. “Cada produtor fica responsável por monitorar sua propriedade e a do vizinho, garantindo a manutenção das regras de produção orgânica”, comenta Hossi.
De frutas a mel, MS tem cerca de 30 produtores com certificação orgânica
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