Aparecida do Taboado (MS) – Desempregado há 1 mês, pagando R$ 450 de aluguel e com três filhos pequenos, o pintor Rodrigo faz parte de uma das 16 famílias que invadiram, hoje, quarta-feira (3), as casas populares que estavam fechadas no Tia Chica I e II há exatamente 1 mês e 3 dias da entrega das chaves.
A realidade de Rodrigo não é diferente da maioria das famílias que participaram do sorteio e não foram contempladas. As famílias que invadiram as unidades estão indignadas com a situação de abandono que se encontram algumas das 327 unidades que foram entregues no final de novembro, com a presença, inclusive, do governador Reinaldo Azambuja.
Segundo a secretária de Assistência Social, Lucelene Táboas Carrasco, apenas 2 unidades foram oficialmente devolvidas por contemplados e outras 2 foram suspendidas pela Caixa Econômica Federal por documentação não aprovada, “mas estas 4 unidades foram encaminhadas para a Caixa e ela que se encarregou de notificar os próximos contemplados. A Prefeitura não foi informada oficialmente de mais nenhuma desistência ou mudança de contrato”, garantiu.
As 16 unidades que estavam fechadas foram ocupadas durante esta quarta-feira e as famílias, inclusive, trocaram as fechaduras das portas. Todas elas não têm pra onde ir e enfrentam várias dificuldades financeiras, “eu acho que quem ganhou e precisava da casa se mudou no mesmo dia, na mesma semana. Agora deixar as casas fechadas mais de 1 mês é porque não precisa. É justo com a gente, que fez a inscrição, precisa da casa e não tem onde ficar? Claro que não. Tem gente aqui que está passando até necessidade do que comer. Nós não vamos sair não”, comentou a faxineira Ádila, que não aguenta mais pagar aluguel, também está desempregada e tem 2 filhos, uma nora e uma neta de 3 anos para sustentar. A família toda vive com o dinheiro de “bicos”, como faxina e serviços gerais.
De acordo com o contrato, os beneficiados tinham o prazo de 30 dias para ocupar os imóveis. Segundo a Secretaria de Assistência Social, os proprietários que se sentirem prejudicados terão agora que reclamar seus direitos na justiça.

