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Drones viram aliados na busca por produtividade na lavoura

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    Nos últimos anos, o campo assistiu uma verdadeira invasão de veículos aéreos não tripulados, também conhecidos como drones (zangão, em inglês). Considerada uma tecnologia promissora até pouco tempo, os drones se tornaram uma ferramenta essencial para produtores, principalmente os que apostam na agricultura de precisão.
    Operados por meio de controle por rádio, as câmeras dos zangões – antes usadas apenas para fotografar propriedades – apontam falhas nas plantações, áreas com excesso ou falta d’água e indicam onde é preciso usar mais fertilizantes. Se usado corretamente, os dados colaboram para aumentar em até 30% a produtividade, segundo estudos da Embrapa.
    Isso é possível porque os drones levam transmissores que enviam imagens que são analisadas por meio de programas específicos. Modelos mais sofisticados carregam sensor infravermelho que revela em detalhes doenças, pragas e pontos de estresse hídrico e nutricional. Os aparelhos custam entre R$ 5 mil e R$ 500 mil.
    De acordo com Lúcio Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação, que desenvolve pesquisas com drones desde 1997, a tecnologia veio para ficar. “A observação sempre foi uma tarefa crucial na agricultura. Só que antes ela era feita de baixo, com o agricultor caminhando e analisando uma amostragem muito pequena da lavoura. Com as imagens do drone a visão é ampliada, tudo fica muito evidente”, explica.
    No início deste ano, o produtor Carlos Henrique Kugler importou dos Estados Unidos um modelo mais modesto (R$ 6 mil) para mapear a propriedade em Castro, nos Campos Gerais, além daquilo que conseguia usando o Google Maps. “Agora é possível fazer uma leitura detalha da lavoura. Saber qual é o estágio da planta, se há manchas”, diz Kluger.
    “Com informações mais completas e rápidas, poderemos agir antes, encontrando os pontos para correção com facilidade”, afirma o agrônomo Lucas Simão Hubert, que trabalha com Kluger.
    As fabricantes de drones no Brasil ainda não sentiram os efeitos da crise econômica. Embora não divulguem os balanços, algumas faturam alto. Atualmente, 70% do mercado de drones para uso civil são voltados para a agricultura.
    Segundo Emerson Granemann, diretor da empresa de geoprocessamento MundoGEO, o setor gera 20 mil empregos no Brasil e deve faturar até R$ 200 milhões neste ano. “É um mercado que não dá sinais de que vai parar”, afirma.
    “Pelo menos 50% das nossas vendas estão ligadas ao agronegócio”, aponta Fabrício Hertz, diretor executivo da Hórus, em Santa Catarina. “E o Paraná corresponde a uma parcela significativa de clientes.”
    Os dados globais também são animadores. Um relatório elaborado pela empresa RnR Market Research mostra que o mercado de drones movimentou mais de R$ 2 bilhões em 2014 apenas na agricultura. E que essa cifra pode ser dez vezes maior até 2021. “Os drones estão se consolidando como uma ferramenta de trabalho imprescindível para o aumento da produtividade no campo”, diz Thatiana Miloso, diretora da Xmobots, uma das maiores fabricantes do país, em São Carlos (SP).

Setor ainda aguarda regulamentação
    Apesar do crescimento expressivo na fabricação e venda de aeronaves não tripuladas no país, o setor ainda carece de uma regulamentação específica. Por enquanto, a comercialização é permitida, mas a falta de regras cria um impasse. “Empresários mais conservadores esperam regulamentação para investir nas empresas. Esperamos que quando isso acontecer, o setor cresça ainda mais”, diz Emerson Granemann.
    Em setembro do ano passado, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) propôs diretrizes para operação de aeronaves pilotadas de maneira remota no Brasil. Caso o texto seja aprovado, o piloto deverá ter mais de 18 anos e um seguro com cobertura de danos a terceiros. Também será proibido levantar voo sem o consentimento de quem está embaixo dele num raio de até 30 metros de distância.
    A Anac também propõe regras de acordo com o peso do drone. Se o aparelho pesar mais de 25 quilos, o piloto vai precisar de registro e certificação da aeronave e habilitação. Para veículos menores será necessário apenas o cadastro do aparelho.
    Por enquanto, para operar um drone é necessário homologá-lo na Anatel, agência que regula o setor, e obter autorização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

Onde e como usar
    Modelos pequenos e grandes, baratos e caros. Confira o que faz cada um:

Simples
    Drones mais simples, que custam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil, são usados por produtores que não buscam muito além de algumas fotos aéreas da propriedade. No entanto, mesmo com os modelos básicos, é possível demarcar áreas de plantio e reserva ambiental, acompanhar o desenvolvimento da safra e encontrar falhas na plantação.

Moderado
    Usado para gerenciar pequenas áreas, neste modelo, que custa entre R$ 20 mil e R$ 80 mil, há uma câmera ajustável para modo visível e modo infravermelho, que consegue captar problemas como estresse hídrico, falhas no plantio, possíveis deformidades no tamanho das plantas e doenças mais aparentes.

Complexo
    Os modelos acima de R$ 100 mil possuem as mesmas características de funcionamento dos mais básicos, no entanto exigem mais experiência e softwares mais complexos. Tem uma câmera mais moderna, que adiciona a capacidade de monitorar grandes propriedades e detectar deficiências nutritivas, doenças e pragas complexas, além de conseguir fazer levantamento topográfico.

O Drone é o Olho do Produtor
    Os drones podem ser movidos por bateria, eletricidade ou combustível e estão sendo utilizados para monitoramento de lavouras.

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