Aparecida do Taboado (MS) – A Anvisa decidiu, nesta terça-feira (28), que as farmácias e drogarias de todo o país poderão realizar testes rápidos para o novo coronavírus. Com isso, os exames deixam de ser feitos de forma exclusiva por hospitais e clínicas.
Em Aparecida do Taboado, as empresas ainda estão sem saber como proceder diante da novidade, embora a maioria tenha demonstrado interesse em disponibilizar os testes.
Segundo Juninho, da Farmácia São Jose II, é preciso definir quais as condições necessárias para aplicação destes testes, “entre outras questões, precisamos saber qual estrutura teremos que montar para receber os interessados, principalmente as pessoas que apresentarem os sintomas”, disse ele.
Ana Cláudia Buzon, da Bio Farma, disse que a forma como proceder depois da aplicação do teste também é uma preocupação, já que o teste mostra apenas a presença de anticorpos, o que não significa que o paciente seja, de fato, positivo para a doença. Ela ainda acrescentou que as farmácias vão esbarrar na dificuldade de adquirir equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas, já em falta em todo o país, “nós precisamos oferecer segurança para quem vai aplicar esses testes. Não podemos colocar em risco a vida dos colaboradores. Além disso, teremos que disponibilizar EPIs também para o cliente”, enfatizou ela.
Ana Elisa Moris, da Farma Moris, explica que será necessário a classe se unir para buscar informações, inclusive junto à Secretaria de Saúde, antes de disponibilizar os testes.
O Costa Leste News entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde na manhã desta quinta-feira (30). A pasta, que passa pela troca de secretários, deverá se manifestar ainda essa semana.
Quando fazer o teste
A Anvisa recomenda que o teste rápido seja feito pelo menos 7 dias após o início dos sintomas. Entretanto, infectologistas avaliam que a partir do 8º é mais seguro e, quanto mais tarde, maior a chance de dar um resultado confiável positivo.
Os testes rápidos são indicados para descobrir se a pessoa já tem os anticorpos para o vírus. Como o corpo demora para produzir os anticorpos, o exame só consegue achá-los a partir da primeira semana com sintomas da doença. Antes disso, existe a grande chance de que alguém, mesmo que tenha a Covid-19, receba um resultado negativo.
‘Por isso, no início dos sintomas, o ideal é fazer o teste PCR (molecular), o mesmo distribuído pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e feito pelo SUS nos laboratórios de referência. Ele é o ‘padrão ouro’: “Eles pegam o genoma do vírus, sequenciam, tiram um pedacinho da sequência e quando você coloca na presença do vírus, ele sinaliza”, explica a infectologista Tânia Vergara, da Sociedade de Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro.
Por isso, o PCR consegue detectar o início da infecção e é mais confiável. Ele busca o próprio vírus, enquanto o teste rápido encontra a resposta imunológica do corpo ao vírus. Na verdade, o PCR ele vai atrás do agente, do vírus ou da bactéria. Os testes rápidos eles são testes que você busca a presença de anticorpos. Não é a melhor forma possível, mas é a mais rápida.
Qual a estimativa de preço?
Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), ainda não existe uma previsão de quanto os testes vão custar. “Isso vai depender do custo de aquisição do produto, que é realizado em dólar”, disse Sergio Mena Barreto, presidente da Abrafarma.
Em redes de farmácias, os testes já podem ser encontrados entre R$ 150 e R$ 200.
Qual o nível de confiança ou eficácia dos testes rápidos?
A eficácia dos testes rápidos é o principal ponto de preocupação na utilização desses testes. Apesar de algumas fabricantes prometerem índices de precisão acima de 90%, alguns exames apontam que a chance de erro pode ser de 70%.
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz e publicado no jornal “O Globo” aponta que os testes rápidos podem ser ferramentas úteis, mas, que as marcas disponíveis no Brasil têm em média um risco relativamente alto de falsos negativos – quando o anticorpo não é detectado, mas a pessoa está infectada.
Em entrevista ao jornal, o pesquisador e hepatologista Hugo Perazzo, disse que os testes são capazes de detectar mais facilmente o anticorpo IgG, que aparece no final do ciclo da doença. O tipo IgN, depois do 8º dia, pode ser mais difícil e mais suscetível a um resultado que não condiz com a verdade.
Além disso, algumas entidades médicas demonstraram preocupação com relação à aprovação dos testes pela Anvisa. São contrárias ao uso: Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM), Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
“Com inúmeras evidências de que os testes rápidos apresentam grande variação de qualidade e desempenho, visto que países como Espanha e Itália já devolveram aos fabricantes milhões de kits com baixa eficiência, demonstramos preocupação com a aprovação”, apontam as entidades em nota.