/

Mês da Diversidade: Ellen Bold narra os desafios de uma mulher trans

2 minutos de leitura

Celebrado em junho, o mês do orgulho LBGTQIA+ faz referência à Revolta de Stonewall, uma série de manifestações realizadas por membros da comunidade LGBT contra uma invasão da polícia de Nova York que ocorreu em 28 de junho de 1969. A rebelião, que durou seis dias, é considerada um dos eventos mais importantes para a conquista de direitos e de criminalização de atos de preconceito em diversos países.

Vinte e seis anos depois, longe de Nova York, nascia em Aparecida do Taboado Ellen Hilario de Moura, hoje com 25 anos de idade, uma mulher trans, mais conhecida como Ellen Bold. A cantora, que atualmente mora em Paris, na França, relembra uma infância tranquila ao lado da família e amigos no interior de Mato Grosso do Sul. “Eu sofri um pouco de preconceito sim por ser afeminada, mas eu nunca me importei”.

Em entrevista ao Costa Leste News, Ellen conta que desde criança, sempre se interessou por tudo o que era considerado de menina, mas só compreendeu e descobriu que era possível fazer a transição de gênero quando se mudou para São José do Rio Preto, aos 17 anos.

“Infelizmente naquela época, assim como eu, minha família também não tinha informação sobre o assunto e foi contra a minha transição. Então, quando eu me mudei de Aparecida do Taboado, eu tive mais apoio e pude me compreender melhor”, explicou.

Após se mudar para o interior do estado de São Paulo, onde ficou por dois anos, Ellen decidiu morar por algum tempo na capital paulistana antes de ir para a Europa e realizar o sonho de morar fora do país. “Posso dizer que ainda existe muito tabu em relação a pessoas trans em todo lugar do mundo, mas na Europa educação e respeito são primordiais, são bem mais raras as situações de discriminação, mas ainda acontece”, comentou.

Além dos preconceitos sofridos diariamente pela população LGBTQIA+, outros desafios são encontrados no caminho, principalmente quando se mora no Brasil, país em que apenas 10% da população transexual trabalha com carteira assinada, de acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais.

Mês da Diversidade: Ellen Bold narra os desafios de uma mulher trans

A Associação também divulgou que o país ocupa o 68º lugar no ranking de países seguros para a população LGBT. Quando questionada sobre esses dados, Ellen atribui a violência e discriminação à educação e cultura. “Por muito tempo os corpos trans vem sendo marginalizados e estigmatizados pela sociedade; cidadãos com deveres e direitos iguais a todos, mas que são esquecidos”, observou.

Apesar disso, a aparecidense reconhece os avanços alcançados pela comunidade e acredita que já foi dado início à desconstrução da sociedade e que a pauta LGBT vem ganhando cada vez mais espaço nos veículos de comunicação, “por esse motivo, a população em geral está começando a entender mais sobre o assunto”.

Para o Dia do Orgulho LGBTQIA+, celebrado no dia 28 de junho, Ellen deixa um recado para o leitor desta matéria: “gostaria de pedir a todos que tenham mais empatia, mais amor e mais respeito”.

Música
Apaixonada por música desde a infância, Ellen lançou seu primeiro single em 2020. A música “Viciosa” já está disponível em seu canal no Youtube e acumula mais de 3 mil visualizações. A cantora, que já tem mais de 120 mil seguidores no Instagram, veio ao Brasil para gravar o EP e clipe, e conta que após muito esforço está conseguindo colocar em prática o que antes ficava apenas no papel, “só agora eu estou tendo a oportunidade de estudar e me aprofundar mais na música, que é minha paixão”, finalizou.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

Mais Recente de Blog