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Presidente da Sanesul diz que questão do emissário no Rio Paraná está ‘politizada’; integrantes do SOS Rio Paraná rebatem

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Aparecida do Taboado (MS) – O movimento contra a instalação do emissário de esgoto no Rio Paraná, que se arrasta há 7 anos no município e ganhou força em 2019 após a criação do grupo SOS Rio Paraná, foi taxado de “questão política” pelo presidente da Sanesul, Walter B. Carneiro Junior.

O presidente da estatal afirmou nesta quarta-feira (29), em entrevista ao vivo ao jornalista Ricardo Ojeda, do Perfil News de Três Lagoas, que “nós temos que parar de politizar. Temos que separar política da questão técnica que é o esgotamento sanitário”, desmoralizando subjetivamente os atos realizados pelo grupo que é contra o projeto apresentado pela Sanesul e se opõe, principalmente, à área escolhida para o escoamento do esgoto coletado considerada de balneabilidade e interesse turístico do município.

Walter, no entanto, garantiu que a Sanesul trata 100% do esgoto que ela coleta, “nós somos referência no Brasil. A Sanesul é a 4ª melhor companhia do país. Temos ISO 9001 nas nossas estações de tratamento de esgoto”, disse ele, voltando a dizer: “nós temos que parar com política local. Não podemos deixar o processo político contaminar o trabalho sério que a Sanesul faz há mais de 42 anos no Estado de Mato Grosso do Sul”.

O diretor ainda frisou que a empresa participou de audiências públicas referentes ao assunto, tanto em Aparecida do Taboado quanto no Congresso Nacional, destacando que a Sanesul resolveu o que ele chamou de ‘problema histórico’ no município, “há décadas atrás o esgoto era jogado no Córrego Rondinha, um córrego de pequena capacidade de diluição e expressão desse esgoto. Nós fizemos um emissário de mais de 7km para levar [esgoto] a 350m dentro do Rio Paraná. Lá, [o projeto] está certificado por todos os órgãos de licença ambiental”, citando o Imasul e a Agência Nacional de Águas.

Walter ainda afirmou que todos os municípios que margeiam o Rio Paraná jogam esgoto nele, “é uma verdade. Agora tem que ver em que condições este esgoto retorna para o corpo receptor, que é o Rio Paraná, e em que condições as análises laboratoriais demonstram a eficiência do tratamento”.

A entrevista repercutiu em Aparecida do Taboado e vários integrantes da comissão SOS Rio Paraná repudiaram a fala do presidente da Sanesul e se manifestaram. Pedro Queiroz, um dos militantes mais antigos na causa, escreveu: “o Sr. Walter, presidente da Sanesul, foi infeliz em afirmar que em Aparecida a questão é política. Tenha dó Sr. Presidente! Essa questão vem desde 2013. A ação civil pública é de maio/2018. Eu não sou candidato e nem sou filiado a qualquer partido. O fato de questionarmos o prefeito é porque não se mostrou, em qualquer momento, favorável à nossa causa. Sofre pressão nossa, sim. Mas nada a ver com política partidária. Acho natural que tenhamos em nosso grupo candidatos a prefeito e vereadores, mas não misturamos os assuntos, a questão não é política. O Sr. Walter está mal informado. Entendo que deveria se retratar”.

Já Wilson Blini reconheceu que a própria ação do grupo é política, mas não partidária, e lamentou as falas de Walter, “o diretor da Sanesul não tem autoridade moral para demonizar a política, aliás, só é presidente da estatal por indicação política. É óbvio que o grupo SOS Paraná é uma ação política de cidadãos aparecidenses em busca de evitar danos ao Rio, ação referendada em audiência pública. Existe forma mais legítima do exercício da política pelos cidadãos? Se a “quarta melhor empresa de saneamento” foi capaz de matar o córrego Rondinha, o que não fazem as demais empresas? Infelizmente a fiscalização da qualidade dos serviços prestados pelo saneador não está sob controle dos usuários o que por aí só descredencia o ranking citado pelo diretor. Lamentável a falta de sensibilidade com a causa ambiental”.

A última ação do grupo SOS Rio Paraná aconteceu no dia 4 de março, pouco antes do início da pandemia, onde uma comissão formada por integrantes do grupo junto com representantes do Poder Público de Aparecida do Taboado participaram de audiência pública no Senado, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), sobre o impacto do emissário de esgoto instalado pela Sanesul às margens do Rio Paraná. A audiência foi solicitada pela senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), presidente da CRA, ao tomar ciência do movimento articulado por integrantes do SOS Rio Paraná.

 

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