Há 2 dois dias da data que marcaria a abertura da 51ª edição do Taboadão, a cidade já sente a diferença após a suspensão do evento em virtude da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o perigoso vírus que colocou o planeta em quarentena sem data para terminar. Com hotéis e ruas vazias, e recinto fechado, a semana começou bem triste, principalmente para o comércio que já sente o impacto.
Costumeiramente, há 50 anos ininterruptos, nesta época do ano a cidade costumava estar bastante movimentada, com pousadas e hotéis já sem quartos disponíveis, ruas cheias de turistas e as lojas faturando alto na principal data comercial do município. Entretanto, o silêncio toma conta das arquibancadas do recinto e causa angústia nos aparecidenses, acostumados a festejar bastante nesse período.
O evento, considerado o maior e mais importante do calendário festivo do município, sempre reuniu a população local e visitantes em torno do tradicional rodeio, que simboliza a tradição local cuja economia foi alicerçada na produção rural, especialmente a pecuária, que usava o cavalo como principal meio de lida e transporte. E esse resgate é denotado na montaria em cutiano ainda valorizado em Aparecida do Taboado, que é um dos poucos municípios do país que ainda cultua a modalidade.
“É uma tristeza muito grande; não dá nem para acreditar. E infelizmente não podemos fazer nada”, comentou sr. Alcidone Sebastião Almeida, que participa da organização da festa desde sua segunda edição. O sentimento também foi validado por Silvia Maria Gouveia (Bibi), presidente da comissão Os Pioneiros, “é uma coisa que ninguém esperava no Brasil e no mundo. É muito triste para nós, para os aparecidenses e para os comerciantes”.
Mais do que uma festa, o Taboadão representa o orgulho da população aparecidense numa cidade com poucas atrações no calendário festivo. A não realização da festa deixa, além da frustração, uma marca irreparável na economia do município já que afeta diretamente o comércio local e os prestadores de serviços.
Assim como muitos lojistas, Sueli Oliveira, proprietária da Amiguinha Fashion, teve que devolver toda a mercadoria que havia reservado para a data. Ela estima uma retração de 50% nas vendas para este mês, “essa é uma das principais datas para nós, comerciantes. Agora, além de não vender, ficará mais difícil também para receber”, lamentou ela, acrescentando que o comércio vem sofrendo desde o início da pandemia.
Segundo Bruno Cicuto, da Bacana Produções (organizadora do evento), o evento não foi cancelado, “por hora foi apenas adiado”, disse ele. Cicuto informou que a expectativa é que a situação do vírus se normalize nos próximos meses e que a festa possa ser realizada em setembro, na semana de aniversário do município, ainda sem data definida, “tudo vai depender da pandemia”, adiantou, mas garantiu que o evento vai acontecer ainda este ano.