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De férias no município, aparecidense fala sobre sua experiência nos Estados Unidos

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Aparecida do Taboado (MS) – De férias no município, a aparecidense Iara Queiroz da Silva Barton, atualmente residente nos Estados Unidos, concedeu entrevista ao Costa Leste News e compartilhou sua trajetória no exterior. Ex-aluna de escola pública, formou-se em Agronomia pela UNESP de Ilha Solteira, concluiu MBA na USP e, após experiências profissionais no Brasil, decidiu buscar novos desafios fora do país.

Iara chegou aos Estados Unidos pela primeira vez em 2019, com o visto J1, voltado a estudos. Cumprido o prazo, retornou ao Brasil, mas pouco depois conseguiu novo visto de trabalho. Após dois anos com o visto H-1B, destinado a profissionais especializados, e já casada, ela conquistou a residência permanente nos Estados Unidos, o que lhe garante liberdade profissional em qualquer área. No futuro, pretende solicitar a cidadania norte-americana.

Antes mesmo de concluir a graduação, Iara foi aprovada em um processo seletivo da BASF, onde atuou no sul de Mato Grosso do Sul entre 2016 e 2018. Posteriormente, participou de um intercâmbio nos Estados Unidos para agrônomos, em parceria com a Universidade de Minnesota, o que lhe permitiu atuar como trainee e ampliar contatos profissionais.
Experiência no exterior

Na avaliação de Iara, os Estados Unidos oferecem maior facilidade para viajar, com preços mais acessíveis e diversidade de opções culturais. “Em pouco tempo morando lá, conheci praticamente todos os estados. Viajar dentro do Brasil, muitas vezes, é mais caro do que para o exterior”, destacou.

Ela ressalta ainda a importância do domínio do inglês: “O idioma abre portas, amplia as oportunidades profissionais e pode possibilitar uma remuneração melhor. Esse foi um dos fatores que mais me motivaram a morar nos Estados Unidos.”
Morar nos Estados Unidos
Iara afirma que sua adaptação foi positiva: “Primeiro foquei em aperfeiçoar o inglês. Depois, comecei a trabalhar em uma empresa local, onde fui bem recebida e não sofri preconceito por ser imigrante. Morei na Califórnia, na divisa com o México, uma região com muitos brasileiros e latinos, o que facilitou a convivência. O mais difícil é lidar com a saudade da família e do Brasil.”
Vida profissional: Brasil x Estados Unidos
Segundo ela, a agricultura norte-americana apresenta muitas semelhanças com a brasileira, especialmente na Califórnia, que concentra grandes fazendas de frutas e hortaliças  “Na minha área, a maioria das oportunidades é voltada para consultoria e vendas, muito parecido com o que temos no Brasil.”
Vida social
Comparando sua cidade natal com a realidade americana, ela observa diferenças marcantes: “Em Aparecida do Taboado, por ser uma cidade pequena, as opções são mais limitadas. Onde moro nos EUA, tenho acesso a cinemas, shows, atividades esportivas, culturais e lazer na praia.”
O que mais sente falta
Para Iara, o calor humano brasileiro é insubstituível: “Aqui fazemos amizades com facilidade, até numa fila de banco. Em poucos minutos já se cria uma conexão, às vezes até com convite para um café. Nos Estados Unidos, as pessoas tendem a manter distância, inclusive no ambiente de trabalho. O português também faz muita falta no dia a dia.”
Pontos positivos e negativos
Entre os aspectos positivos da vida nos EUA, Iara cita as oportunidades profissionais e econômicas, mesmo em cidades pequenas. Por outro lado, ressalta que os imigrantes costumam se sentir mais solitários, em função da diferença cultural.
Contexto político e custo de vida

Sobre as mudanças políticas recentes, ela comenta: “Há um clima de insegurança para quem vive em situação irregular. Mesmo estando legalmente no país, sinto empatia e preocupação com quem pode ser deportado a qualquer momento.”

Ela também destaca o alto custo de vida:
* Aluguel é muito caro.
* Casa própria é um sonho difícil de realizar nos EUA, enquanto no Brasil há mais chances de aquisição.
* Tecnologia (celulares, computadores) é mais acessível lá, mas alimentos saudáveis são mais caros, levando muitos a recorrer ao fast-food.
Retorno e novos planos
Em breve, Iara e o marido retornarão aos Estados Unidos para seguir com seus projetos profissionais, priorizando a atuação em organizações não governamentais nas áreas de agricultura e meio ambiente.
Conselho para quem deseja seguir o mesmo caminho
Com três anos de experiência no exterior, Iara deixa uma recomendação importante: “Jamais vá de forma ilegal. O ideal é viajar de maneira regular, seja com visto de trabalho ou de estudos. Aproveite a oportunidade para aprender inglês, conhecer novas culturas e crescer profissionalmente.”
Ela conclui:
“A vida pode ser boa em qualquer lugar, mas sempre haverá dificuldades. Nos Estados Unidos, não contamos com o calor humano brasileiro. O chamado ‘sonho americano’ pode ser ilusório para quem não está disposto a enfrentar os desafios.”

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