Abrimos esta parceria com um texto que aborda limites, recomeços e a silenciosa força do coração: o poema “O coração se cansa”.
Aparecida do Taboado (MS) – O Costa Leste News tem a alegria de dedicar, a partir desta semana, um espaço especial para a sensibilidade e o talento da poetisa Maria V.
Sua escrita nasce de um olhar atento, de um sentir profundo e da coragem de transformar emoções em palavra viva. Para ela, a poesia vai além da técnica: é alma, é impulso, é verdade. É nessa entrega — lapidada pela leitura constante e pela prática incansável — que sua voz poética se fortalece e convida o leitor a se enxergar em seus versos.
Inauguramos essa parceria com um poema que fala sobre limites, recomeços e a força discreta que o coração carrega mesmo nos dias mais silenciosos.
O coração se cansa
Às vezes, o coração não quebra de uma vez só.
Ele trinca aos poucos.
Uma decepção aqui, um silêncio acolá.
Até que um dia, você percebe que está segurando os pedaços com as próprias mãos, tentando fingir que ainda é inteiro.
Ninguém ensina a gente como lidar com a solidão.
Como continuar respirando quando o peito está tão apertado que parece que falta espaço até para o ar.
As pessoas dizem: “vai passar”.
Mas não dizem quando.
E enquanto o mundo segue, o nosso coração fica ali…
num ritmo estranho, irregular, tentando se convencer de que vale a pena continuar acreditando.
A parte difícil não é estar sozinho.
É sentir que ninguém percebe que você está.
Mas o coração…
ah, ele é teimoso.
Mesmo ferido, ele continua pulsando.
Mesmo cansado, ele continua esperando.
E mesmo quando você acha que não aguenta mais, ele encontra uma forma de se reconstruir silenciosamente, discretamente.
No fundo, o coração sabe:
a solidão não é o fim da história.
É só o intervalo antes de algo novo começar.
E, às vezes,
Deus deixa a gente sozinho por um tempo…
não porque nos abandonou,
mas porque é no silêncio
que o coração aprende a ouvir o que realmente importa.
No final de tudo,
não é sobre quem ficou.
É sobre quem chegou quando o seu coração já não tinha mais forças para pedir.
E escolheu ficar.
Por Maria V. Ribeiro

