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Artesãos recebem Medalha Conceição dos Bugres na Assembleia Legislativa

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    Eles transformam madeira, sementes, ossos, chifres, penas e palha em verdadeiras obras de arte. Homenageados nesta sexta-feira (18/3), véspera do Dia do Artesão, foram reconhecidos como talentosos intérpretes das belezas naturais do Brasil e agentes decisivos para a divulgação da fauna e flora pantaneiras. “É muito bom homenagear artistas que imprimem, em cada criação, em cada gesto, em cada movimento do trabalho que fazem, um pouco da nossa riqueza imaterial”, afirmou a deputada Mara Caseiro (PSDB), 3ª vice-presidente da Casa de Leis, durante a sessão solene para entrega da Medalha Conceição dos Bugres do Artesanato de Mato Grosso do Sul, realizada no plenário Deputado Júlio Maia. Também participaram do evento o presidente, Junior Mochi (PMDB), e o 3º secretário, Felipe Orro (PSDB). 
    Proponente do evento, Mara ressaltou as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, que ainda lutam por valorização e políticas públicas que fomentem a produção. Lembrou que foi sancionada, no dia 22 de outubro 2015, a Lei federal 13.180, que dispõe sobre a profissão do artesão, mas que agora deve ser aplicada em todo o País. “Esperamos que a lei estabeleça de fato diretrizes para as políticas públicas de fomento à profissão, levando o Poder Executivo a dar apoio aos artesãos e liberando as linhas de crédito, essenciais para a aquisição de matéria-prima e equipamentos, o que traz crescimento profissional a quem pratica essa atividade”, disse. 
    A deputada ressaltou que a lei prevê apoio comercial e a identificação de novos mercados aos produtos, internamente e também internacionalmente. “Crescimento, novas fronteiras, geração de divisas e o nome de Mato Grosso do Sul e do Brasil cada vez mais engrandecido no exterior, por meio da arte; é tudo o que esperamos que aconteça para nossos artesãos”, afirmou Mara, complementando que o trabalho dos artesãos representa a continuidade e a valorização das tradições regionais, além de importante instrumento de aquecimento da economia local, gerando emprego e renda. 
    O diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Nelson Cintra, afirmou que o artesanato é uma das mais ricas expressões culturais do Estado e o de fronteira tem sido fomentado pela variação do câmbio. “Com a alta do dólar, passamos a receber ainda mais turistas, especialmente de outros países, que certamente levam para casa muito do artesanato que produzimos”, explicou. Atualmente, 3,6 mil artesãos estão cadastrados na Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, embora o número de informais possa representar o dobro desse total. De acordo com estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), oito milhões de brasileiros se dedicam à atividade. 
    Para o presidente da Associação dos Artesãos de Aquidauana – Grupo de Produtores de Derivados da Bocaiuva e Jatobá, Lorival Silva Santos, é sempre uma alegria dar forma a cada peça. “É um dom e nos sentimos muito felizes de sermos artesãos”, disse. Ele se dedica ao macramê, técnica de tecer fios que não utiliza nenhum tipo de maquinaria ou ferramenta. É uma forma de tecelagem manual. A associação reúne 350 artesãos, sendo 220 de aldeias e distritos. 
    Além de Lourival, foram homenageados os artesãos Ana Elizabete Martines, Ana Vitorino Leodério, Cleusa da Silva Moraes dos Santos, Elizabete Mauro, Eloir Sandra Lescano, Elpídio Alves de Freitas, Enedélia Ferreira Alves, Jane Clara Arguello, Leandro Silva Mateus, Levi Batista do Nascimento, Lourdes do Nascimento, Lucimar Maldonado Silva, Luiz Mauro dos Santos, Marlene Monteiro Machado, Odenir Marin Bogalho, Paulina Garcia Goes, Ranulfo Martins de Oliveira, Regina de Castro Arruda, Rosalina Verão Lupinette, Rosângela Sandin da Silva, Rosilene de Oliveira Rosa, Vera Maria Fioravante, a Associação dos Artesãos de Mato Grosso do Sul (ARTMS) e a Associação de Arte e Artesanato Vale da Esperança (AAAVE). 

Conceição dos Bugres 
    A Medalha Conceição dos Bugres do Artesanato, instituída pela Resolução 04/2013, é destinada pessoas e entidades que tenham se destacado na produção artesanal em todo o Estado. A artista que dá nome à honraria era casada e mãe de dois filhos. Conceição esculpiu o primeiro bugre em uma cepa de mandioca, após um sonho, e depois passou a utilizar madeira, sempre com facão e machadinha, a golpes rápidos. A cera amarela, para revestir cada peça, foi inserida posteriormente pela artista. Natural de Povinho de Santiago (RS), veio para Mato Grosso do Sul aos seis anos, onde passou a conviver com os bugres – mistura do branco com o índio. Conceição morreu em 1984 e a arte dos bugres foi continuada pelo neto da artista, Mariano.

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