Eurico Pimenta é homenageado na Assembleia Legislativa

    Aparecida do Taboado (MS) – Eles conseguem transformar matérias primas da região como madeira, argila, fibra vegetal em verdadeiras obras de arte, que traduzem o dia a dia da comunidade local. E, para homenagear os artesãos de Mato Grosso do Sul, a Assembleia Legislativa realizou na sexta-feira, dia 18, véspera do Dia do Artesão, a entrega da Medalha “Conceição dos Bugres”, para vários artistas do Estado, entre eles o aparecidense Eurico Pimenta. 
    Proposta pela Deputada Mara Caseiro (PSDB), a honraria leva o nome da artesã nascida em Povinho de Santiago (RS), que se mudou aos 6 anos para Mato Grosso do Sul. Conceição criou o principal artefato da iconografia do Estado, o Bugre, esculpido em madeira com golpes secos e retos de facão e recoberto com cera de abelhas. “É uma forma muito bonita de homenagear nossos artesãos, profissionais brilhantes que perpetuam cultura e história em nosso Estado”, comentou Mara Caseiro.
    O Deputado e Presidente da Casa de Leis, Júnior Mochi (PMDB), entregou o prêmio para dois artistas que têm seus trabalhos destacados em municípios da região norte do Mato Grosso do Sul. Eurico Antônio de Queiroz, proprietário do Artesanato Pimenta Argila e Barro em Aparecida do Taboado; e José Alves Branco Correia, que tem uma longa história de artesãos na família. Nascido em Andorra, pequeno país europeu, veio para Coxim no final da década de 1970 e tem se destacado como um dos principais artistas da região.
    “É muito importante homenagear essas pessoas que desenvolveram seus belíssimos dons e que hoje são referência para toda uma geração de artistas. A arte e a cultura são intimamente ligadas ao desenvolvimento de uma região e do caráter das pessoas. Valorizar o que é nosso, de nosso Estado e da nossa gente permite que enxerguemos com outros olhos o que acontece à nossa volta”, disse Mochi.
    O aparecidense Eurico Pimenta destacou que ficou muito honrado pelo prêmio. “Fiquei muito contente com a homenagem, especialmente porque o artesanato faz parte da minha vida. Trabalho com o barro há mais de 38 anos, e tenho muito orgulho de cada peça que faço”, destacou Eurico.
    Eurico Pimenta é aparecidense nato, filho de um dos pioneiros do município: o saudoso Antônio Pimenta de Queiroz. Ex-oleiro, Eurico começou a se interessar pelo artesanato após diagnosticar uma hérnia de disco na coluna e enfrentar uma séria operação. “Devido às fortes dores lombares eu não pude mais trabalhar. Após seis meses da cirurgia, comecei a fazer as peças de cerâmica e até hoje não parei mais”, conta ele, com orgulho.
    A atividade já se estende por 38 anos e ele não pensa em encerrar sua carreira tão cedo. Produz mais de 100 tipos diferentes de peças, sendo as mais vendidas as moringas, os jarros, panelas, várias espécies de peixes e frutas. Os preços variam entre R$ 3,00 (frutas pintadas) e R$ 200,00, que são os vasos de quase um metro de altura.
    O Vereador Rodrigo Queiroz Neto acompanhou a homenagem ao artesão aparecidense. “O que torna o ofício de artesão tão artístico não é apenas a sua habilidade em manusear elementos in natura e transformá-los em peças únicas, mas o sentimento e a sensibilidade presentes em sua essência, que possibilita o processo criativo das peças”, destacou ele.
    O Diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Nelson Cintra, afirmou que o artesanato é uma das mais ricas expressões culturais do Estado e o de fronteira tem sido fomentado pela variação do câmbio. “Com a alta do dólar, passamos a receber ainda mais turistas, especialmente de outros países, que certamente levam para casa muito do artesanato que produzimos”, explicou.
    Atualmente, 3,6 mil artesãos estão cadastrados na Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, embora o número de informais possa representar o dobro desse total. De acordo com estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), oito milhões de brasileiros se dedicam à atividade.