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Gosto brasileiro ganha espaço no mercado da cerveja

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    O Brasil começou a aparecer na sua cerveja. Rapadura, jabuticaba, mexerica, erva-mate, mandioca, pimenta rosa, cupuaçu, pequi, amburana, entre outros ingredientes e produtos tipicamente nacionais estão cada vez mais presentes nas bebidas. Esse bom sinal pode apontar para algo que o país ainda está longe de alcançar: ter uma escola cervejeira para chamar de sua.
    Um dos entusiastas do uso de produtos brasileiros na cerveja é justamente um dos pioneiros nisso, o fundador da Cervejaria Colorado, Marcelo Carneiro. “Eu fico super contente quando vejo as pessoas usando insumos e dando nomes brasileiros às cervejas que fazem”, comenta. Conhecidas pela adição de ingredientes como mandioca, rapadura e café brasileiro, todos os rótulos da Colorado possuem um toque de brasilidade. “A gente tem a nossa geografia, nossa história, tem tanto para fazer com as nossas frutas. O Brasil é um celeiro de ingredientes”, argumenta.
    Marcelo acredita que a inserção da identidade brasileira nas cervejas é um caminho para chegar à nossa escola cervejeira, com o aproveitamento do que o país tem a oferecer. Além da inclusão dos ingredientes, ele defende que a cultura cervejeira brasileira também é importante nesse processo de valorização dos produtos nacionais.

Para especialistas, caminho ainda é longo
    O debate sobre a escola brasileira é comum no meio cervejeiro, e de difícil resposta. No entanto, parece ser unânime que o Brasil ainda precisa beber muito malte e lúpulo pra ser considerado uma escola como Bélgica, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. “Acho que a gente está na formação de uma identidade, o que é diferente de se formar uma escola”, comenta a sommelier de cervejas Bia Amorim.
    Um dos pontos que fazem diferença é o reconhecimento do nosso terroir. Enquanto outros países têm em seu território os ingredientes característicos de suas cervejas, o Brasil ainda precisa saber como usar o que tem. Como por aqui a produção de malte ainda é muito limitada e não há plantações de lúpulo significativas, as cervejarias passaram a aproveitar frutos, ervas e outros adjuntos que são típicos do país. “A gente vai tentando criar essa escola. Se não consegue de outros jeitos, vamos com isso”, comenta Bia, que ressalta que o brasileiro é criativo, uma característica importante na fabricação da bebida. “O (cervejeiro) belga é criativo, acho que o brasileiro está um pouco nessa onda”.
    Quem tem uma visão semelhante é o sommelier Gil Lebre. “Ainda é um pouco cedo para falar que temos uma escola cervejeira. Ainda não temos nem um estilo nacional”, argumenta. Para ele, o meio cervejeiro brasileiro tem uma tendência. “Temos vários frutos, outras bebidas como a cachaça, madeiras como a amburana usada para envelhecer algumas cervejas. Isso é uma tendência, fazer cerveja com insumos brasileiros”, diz.
    Virar uma escola cervejeira ainda pode estar distante, mas o fato é que o Brasil já tem uma cerveja com sotaque brasileiro.

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