Aparecida do Taboado (MS) – O mau cheiro que tem se espalhado pela cidade, principalmente no final da tarde, supostamente oriundo das indústrias de abate e processamento de animais, tem incomodado os aparecidenses e foi motivo de discussão na Câmara Municipal na noite de segunda-feira (26).
O presidente da Casa de Leis, Alaor Bernardes da Silva (Lolozinho), citou os frigoríficos Frango Belo (Abatedouro de Aves Itaquiraí) e GeneSeas (frigorífico de peixes) como possíveis responsáveis e chegou a apresentar indicação ao prefeito Robinho Samara e ao fiscal de inspeção e vigilância sanitária, Adilson Valentim de Freitas, para que entrem em contato com as empresas a fim de solucionar o problema.
No documento, o vereador explica que “nos últimos dias tem havido um clamor por parte da população para encontrar uma solução para o mau cheiro que é exalado tanto pelo frigorífico Frango Belo, quanto pela GeneSeas e que chega em nossa cidade, principalmente no início da noite”. Segundo ele, “todos os locais ficam impregnados com esse cheiro ruim e não há nada que se faça para melhorar. A limpeza dos ambientes parece inútil, pois o odor não desaparece e fazer as refeições noturnas ficou difícil”. Lolozinho acredita que deve haver algum tipo de equipamento ou serviço que possa por fim a esse problema e, por isso, pediu o apoio do Executivo Municipal.
Aparecida do Taboado tem hoje 2 frigoríficos de carne bovina, 1 abatedouro de aves, 1 frigorífico de peixes e uma usina de álcool e açúcar em funcionamento. São indústrias potenciais de Aparecida do Taboado, que além de gerar emprego e renda para o município, desempenham um papel de fundamental importância para o desenvolvimento local. Entretanto, todas elas podem gerar mau cheiro em alguma fase da produção. Sobretudo, a preservação do meio ambiente e o bem estar da população são algumas das principais responsabilidades das empresas.
Empresas citadas dizem que possuem todas as licenças de operação e negam envolvimento
Procuradas por nossa equipe de reportagem, as empresas citadas negaram qualquer tipo de envolvimento com o forte odor e afirmaram possuir as licenças de operação necessárias, bem como os equipamentos corretos que evitam a emissão de mau cheiro durante o abate e processamento dos animais.

Segundo o gerente industrial da GeneSeas, Gerlúcio Neri, o frigorífico possui, inclusive, os certificados de empresas internacionais que atestam o funcionamento da indústria, assim como a licença de operação emitida pelo IMASUL, “se eles chegassem aqui e atestassem o mau cheiro não seríamos certificados, até por uma questão sanitária”, pontuou.
Ele ainda fez questão de destacar que a empresa trabalha com produto fresco, o que dificulta a geração de mau odor, “nós recebemos o peixe vivo, fazemos o abate e a filetagem, e o descarte vai direto para a gracharia, onde temos um lavador de gases e o produto já sai de lá como farinha. Eu não acredito que o mau cheiro esteja sendo emitido pela GeneSeas”, disse ele. Mesmo assim, Gerlúcio garantiu que abrirá uma investigação interna para averiguar o problema e se propôs a colaborar no que for necessário.

O gerente do Frigorífico Frango Ouro – Bello Alimentos, Franciel Salvático, garantiu que o odor não é oriundo da indústria. Segundo ele, a empresa possui uma política de gestão e qualidade ambiental dificilmente vista em outras indústrias do país, além de possuir licença ambiental emitida pelo IMASUL. Franciel ainda disse que foi realizada nos últimos anos uma série de investimentos visando à melhoria na qualidade ambiental do processo produtivo e do tratamento dos efluentes, cabendo ressaltar que recentemente foi instalado um filtro de gases e odores, justamente para coibir a questão do cheiro, “além disso, foi instalado um flotador que possibilita o tratamento dos efluentes com eficiência, assegurando a qualidade ambiental do tratamento”, afirmou ele.
Brasil
Em 2013, o mau cheiro causado por um frigorífico de carne bovina no Tatuí, em São Paulo, foi multado pela Cetesb cujo valor da taxa ultrapassou R$ 50 mil. A empresa também recebeu multa diária de R$ 3 mil devido aos processos inadequados de tratamento nas lagoas de contenção e do descarte dos resíduos sólidos.
No mesmo ano, um abatedouro de frangos em Sete Lagoas, região central de Minas, foi alvo de denúncias por parte de moradores. O mau cheiro exalado pela indústria causou a indignação da população, que procurou as autoridades para solucionar o problema. A empresa foi notificada e fez a instalação de um filtro para resolver o problema dos odores provocados pelo processamento das aves.
Odor em frigoríficos

O mau cheiro causado por frigoríficos está associado a decomposição da carne, é característico e desagradável, e quando inalado produz reações, como náuseas, por exemplo. Ele prejudica as pessoas que trabalham nesses locais ou moram próximos a eles. Além disso, em procedimentos dessas indústrias são utilizados produtos químicos que reagem com a carne e tornam o mau cheio ainda mais elevado – em alguns casos ele pode ser tóxico para o organismo humano.
O odor em frigoríficos gera também problemas atmosféricos – em especial devido aos gases lançados durante os procedimentos industriais. Alguns desses gases, como o dióxido de carbono, podem aumentar o efeito estufa na atmosfera e desencadear outros problemas para o meio ambiente.
Porém, existem várias medidas que podem ser adotadas pelos gestores de frigoríficos para tratar o mau cheiro. E o tratamento do odor é extremamente importante. Diversas empresas já receberam multas ou até mesmo foram fechadas devido à falta de controle do mau cheiro.
O controle do odor é extremamente importante e não deve ser ignorado pelos gestores. Além de evitar problemas financeiros, a empresa estará ajudando o meio ambiente, preservando a saúde dos colaboradores e contribuindo com a comunidade.

