Com o retorno das aulas remotas na rede municipal de Aparecida do Taboado no dia 4 de maio, muitas famílias tiveram que se adaptar novamente à rotina de atividades dos filhos que estão em casa. A medida tem por objetivo frear o contágio do novo coronavírus que até agora já afetou mais de 300 pessoas em todo o Estado e foi a causa de 11 mortes em Mato Grosso do Sul. Com isso, muitos pais se viram na difícil missão de até alfabetizar.
Para facilitar a comunicação entre pais, responsáveis e professores durante o distanciamento social, as escolas municipais criaram grupos em redes sociais com a função de tirar as principais dúvidas e orientar pais e estudantes durante a realização das atividades que são passadas e avisar sobre a troca de cadernos. Já na rede estadual, alguns professores optaram por ministrar aulas em tempo real (transmissão ao vivo).
Tainá Marilia Neves de Lima, 24 anos, é moradora da Vila Glória e mãe de duas crianças. A mais velha, Ana Clara, de cinco anos, já frequenta uma das escolas do município e está estudando em casa. “Eu até prefiro que ela esteja em casa agora. Em tempos de pandemia, eu acharia muito arriscado levar ela para a escola; para um adulto já é difícil [se contaminado], imagina para uma criança, eu penso na dificuldade e na falta de ar”, explica a mãe da Ana Clara.
Tainá disse que as professoras criaram um grupo no Whatsapp para avisar quando as atividades estão disponíveis para serem retiradas na escola e que a filha tem conseguido acompanhar, sem dificuldades, todo o conteúdo que é passado, “[ela] não tem dado trabalho nenhum”, garantiu.
Já para Joelma Aparecida, 30 anos, que mora no Tia Chica e tem quatro filhos, a realidade é bem diferente. “Eu não consegui acompanhar as atividades da escola com o meu filho mais novo porque meu celular não estava funcionando e ele perdeu muitas atividades”, contou, preocupada.
Quando questionada se existe alguma dificuldade em acompanhar e entender as atividades que são passadas para as crianças, Joelma explica que para a filha mais nova, de cinco anos, não há problemas, já aos outros ela sente dificuldades, “o meu filho mais velho, que está no ensino fundamental, tem encontrado bastante dificuldade porque existem coisas que eu não sei, então não consigo entender e acaba ficando mais difícil de ajudar. Sinceramente, eu acho que esse será um ano perdido para muitas crianças”, avaliou, lamentando a situação.
Além da falta de conhecimento para orientar os filhos, os pais ainda têm esbarrado em outra dificuldade: definir um horário para os estudos e como conciliá-lo com o horário de expediente. Eliana, no Tia Chica II, tem três filhos em séries diferentes e a principal dificuldade dela é encontrar um horário para auxiliá-los nas atividades escolares em casa, “eu saio para trabalhar às 7h da manhã e volto só às sete da noite. Quando chego tenho os afazeres domésticos e é um horário que, geralmente, as crianças já estão cansadas. Tem sido muito difícil, principalmente porque cada um tem um conteúdo diferente”.
Esse drama tem gerado uma preocupação para muitos pais: será que 2020 será um ano perdido? E outra indagação também muito importante: qual o impacto disso para os alunos que vão prestar vestibular esse ano? São questões ainda sem repostas.
Ao Costa Leste News, a Secretaria Municipal de Educação garantiu que além de estarem auxiliando e orientando os pais durante o distanciamento social, será feita uma revisão intensiva de todo o conteúdo quando as aulas presenciais forem retomadas, o que ainda não tem previsão para acontecer embora o prazo das aulas remotas termine nesta segunda-feira, dia 18 de maio, conforme o Decreto Municipal nº 48/2020. Já na rede estadual, após a antecipação do recesso escolar (férias), que também termina dia 18 de maio, os alunos deverão retomar às atividades através das aulas remotas, com auxílio da internet.
