Como se sabe, Taboado foi o nome que ao final pegou – porto Taboado – embora seu fundador, o sertanista Joaquim Francisco Lopes, quisesse São José.
Ora, de onde vem a palavra? Houve discussão a respeito. Seria derivação de tábua, uma prancha de madeira? A hipótese mais plausível, porém, foi a que aventou o historiador Hildebrando Campestrini, com base no que ouviu de gente de Aparecida do Taboado: havia nas proximidade do porto muita taboa (typha domingensis), uma planta aquática que lembra salsichas espetadas. Trata-se também da hipótese que a população local repete até hoje.
Como mencionado no primeiro artigo, o porto foi fundado em 1837. Dez anos depois, já havia registro de que ele era chamado de Taboado: “Seguindo do porto do Tabuado, atravessa os rios Formoso e o das Três Barras, procurando o sítio do Justino, daí passa o rio Santana, dirigindo-se para a Freguesia [de Santana do Paranaíba]”, anotou em seu relatório o capitão Ernesto Antonio Lassance Cunha, em 1847.
A menção mais antiga ao Taboado na imprensa paulista é possivelmente a de 28 de julho de 1881. Naquela data, o “Estado de São Paulo” informava sobre as vantagens de uma ligação direta entre Santana do Paranaíba e cidades do interior paulista pelo porto. Na época, o transporte de gado das fazendas do sul do Mato Grosso era efetuado principalmente pelo porto de Alencastro, na divisa com Minas, daí seguia pelo interior deste estado até alcançar Piracicaba. A opção pelo Taboado parecia então mais proveitosa, por ser mais curta e rápida – como de fato se verificou posteriormente.
Na edição de 15 de dezembro de 1895, o “Estado de São Paulo” publicou longa reportagem sobre a necessidade de melhorias da ligação entre Jaboticabal e o Taboado. As informações eram do relatório do engenheiro Olavo Hummel. Por ordem do governo paulista, Hummel havia chefiado expedição de reconhecimento do picadão entre São José do Rio Preto e Santana do Paranaíba, efetuada em novembro de 1894. Na oportunidade, conheceu o porto Taboado.
O relatório é interessante documento histórico. Registra, por exemplo, dados sobre rios, saltos e cachoeiras – inclusive o salto da Onça, perto da foz do rio Grande, alagada pela represa de Ilha Solteira em 1973. Relata, inclusive, que havia, nas proximidades do Taboado, uma casa e outras benfeitorias, cercadas de laranjais.
Além disso, um fato curioso é apresentado. Hummel identificou, a dois quilômetros a montante do Taboado, um lugar favorável para a construção de uma ponte sobre o rio Paraná. A indicação coincide com o ponto onde foi construída a ponte rodoferroviária Rollemberg-Vuolo, inaugurada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, um século depois. A coincidência não deixa de ser algo surpreendente.
Este artigo faz parte de uma série sobre o porto e a Estrada Boiadeira do Taboado, ainda em pesquisa. Relatos e fotografias sobre ambos serão bem-vindos, podendo ser encaminhados ao seguinte e-mail: [email protected]