O surto fora de época do vírus A, popularmente conhecido como H1N1, está assustando a população e lotando os hospitais do país. Só de janeiro a 19 de março desde ano, a doença matou 46 pessoas no Brasil. Durante todo o ano passado, foram 36 óbitos pelo mesmo motivo.
Até o momento, 11 estados brasileiros já foram afetados com casos graves da gripe H1N1. Normalmente, a circulação do vírus ocorre entre os meses de maio e julho nas regiões mais frias do país.
De acordo com o professor e infectologista da Unifesp, Celso Granato, a epidemia atual é completamente incomum. “Ainda não há nenhuma explicação concreta que justifique o que está acontecendo”, diz.
Para conter a situação atípica, o Ministério da Saúde decidiu nesta segunda-feira (28) que vai antecipar uma vacinação extra. Os estados que fizerem o requerimento devem receber o primeiro lote das vacinas nesta sexta-feira (1). A campanha nacional de vacinação, no entanto, só começa em 30 de abril.
Para Granato, não procede a teoria de que o vírus tenha voltado ao Brasil por viajantes vindos do hemisfério norte – como Estados Unidos, Europa e Canadá. “Por lá, o surto já é uma realidade nesta época do ano”, afirma. “Em um período de crise, onde o volume de brasileiros viajando é muito menor, não há sentido atribuir que – justo agora – eles tenham reintroduzido o vírus para cá”.
Uma das hipóteses para o agravamento no número de casos é a mudança climática. Para o professor de imunologia da Universidade Mackenzie, Jan Carlo Delorenzi, o verão menos intenso deste ano pode ter contribuído para o surto.
A segunda possibilidade levantada pelo imunologista é a fragilidade da atual epidemia que cerca o Brasil. “A população já está atingida por três grandes surtos. Isso causa uma forte vulnerabilidade epidemiológica nas pessoas”, diz Delorenzi. “Eu diria que existe a probabilidade de uma pessoa com H1N1 já ter sofrido anteriormente por uma infeção de dengue, zika ou chikungunya”.
Para os especialistas consultados por EXAME.com, a resposta também pode estar relacionada diretamente ao vírus. De acordo com eles, é possível que o sorotipo atual seja mais violento do que o dos anos anteriores – mais próximo, talvez, ao do surto de 2009, quando a letalidade apresentou índices bem elevados e se transformou em uma pandemia mundial.
O que você precisa saber sobre o vírus H1N1:
O QUE É
É um vírus da gripe tipo A, geralmente assiciado a epidemias. Sua primeira grande aparição foi em 2009, quando ficou conhecido como gripe suína. Em pouco tempo, o surto se transformou em uma epidemia mundial. De lá para cá, os eventos são sazonais.
COMO É TRANSMITIDO
A doença é transmitida principalmente pelas mãos e pelo contato de secreções quando uma pessoa fala, espirra ou tosse.
PRINCIPAIS VÍTIMAS
Diferente da gripe comum que mira os idosos, o H1N1 ataca os jovens, crianças menores de dois anos, gestantes, diabéticos e obesos.
SINTOMAS
Os mesmos da gripe comum, porém intensificados: forte dor no corpo e na cabeça, febre entre 38 e 39ºC, tosse, falta de ar e coriza. Os sintomas aparecem de 1 a 4 dias após a infecção.
PREVENÇÃO
Usar o antebraço para cobrir a boca ao tossir ou espirrar, lavar as mãos várias vezes ao dia e não emprestar objetos de uso pessoal.
TRATAMENTO
Após a comprovação do vírus no organismo, o tratamento é feito com o antiviral Tamiflu. A doença precisa ser tratada o quanto antes para não agravar o caso e levar à morte.