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Restrito no Brasil, Tamiflu é vendido sem receita a R$ 86 no Paraguai

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    Equanto no Brasil o medicamento Tamiflu é racionado, em cidades do Paraguai uma caixa com dez cápsulas de 75 mg custa de R$ 86 a R$ 150 reais e pode ser comprada sem receita médica, de acordo com informações obtidas junto às drogarias e também com pessoas que moram no país vizinho ao Estado de Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, por exemplo, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou recentemente que o remédio estava em falta no mercado para a compra e por isso solicitou cem mil comprimidos ao Ministério da Saúde, que enviou dez mil na primeira remessa e estoque suficiente para três meses na segunda, conforme a assessoria de imprensa da secretaria.
    A reportagem ligou para três farmácias em Assunção e duas em Pedro Juan Caballero. A média de preço é de R$ 86,00 a R$ 150,00. No Brasil, caso fosse vendida nas farmácias, uma caixa com dez comprimidos poderia ser comprada por aproximadamente R$ 150,00 e até R$ 190,00.
    O casal de brasileiros Eliana Sena Wendler de Lima e Presley Nogueira de Lima, ambos com 37 anos, mora em Assunção há dez anos. Eles são pais de Rafaela, 14, e Glauber, 12, que foram diagnosticados com Influenza B, menos agressivo que a Influenza A, pelo fato de o vírus ter como reservatórios somente os seres humanos.
    Eliana conta que os filhos estão sendo medicados com Oseltamivir, nome comercial do Tamiflu. Ela ressalta que o remédio foi receitado por médico antes de passar 72 horas dos primeiros sintomas, para evitar que o vírus se espalhe pelo corpo e dificilmente seja combatido.
    Sobre os crescentes casos de gripe A registrados no Brasil, principalmente em Mato Grosso do Sul, com 31 mortes decorrentes do vírus Influenza A e uma do de Influenza B, Eliana questiona o motivo pelo qual as prefeituras e o governo do Estado não importam o medicamento. “Pelo que eu vejo há muita burocracia em conseguir o medicamento aí. Parece que querem matar a população mesmo”, critica a advogada.

Protocolo
    A assessoria de imprensa da Sesau ressalta que não é possível importar o Tamifllu do Paraguai, pois a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determina que o medicamento seja distribuído apenas pelo Ministério da Saúde aos governos de Estado e municípios.
    O Tamiflu não é comercializado nas farmácias comuns e quem precisa dele, tem que possuir receita médica e procurar a rede pública de saúde para obter o medicamento. Foi o que aconteceu com um idoso de 74 anos na Capital.
    O filho dele entrou em contato com o Campo Grande News e contou que o pai teve febre e por isso foi levado até um hospital. Algumas horas no local foi constatado que ele estava com sintomas da gripe A, foi medicado e lhe deram receita de Tamiflu. O idoso estava com febre, dores no corpo e cansaço.
    “Foi tranquilo de arrumar o remédio. Fui até o CEM [Centro de Especialidades Médicas Presidente Jânio da Silva Quadros] no bairro São Francisco e me informei sobre qual posto procurar. No local tinha um bom estoque no dia. Depois que dei o remédio ele se recuperou totalmente. Ficou alguns dias resfriado após o tratamento e mais nada”, disse o filho do idoso.

Indicação
    O remédio Tamiflu é indicado para uso até 48 horas depois dos primeiros sintomas. A partir daí, o vírus se espalha e a medicação não surte efeito.
    O Tamiflu não combate o vírus, mas evita sua replicação. Por esse motivo é usado de forma preventiva, para impedir que a doença se instale e venha com menos impacto.
    Apesar de prevenir a gripe A, os sintomas podem ser fortes após o uso do medicamento, conforme esclarece Adriane França Brandão, 38 anos, mãe de uma criança tratada com o medicamento. Segundo ela, o filho de seis anos passou vários dias internado, com vômitos e evacuando sangue, após ser tratado com Tamiflu.
    Ela conta que é preciso muito cuidado no diagnóstico, afinal, o que o pequeno Eduardo tinha era apenas uma virose. Devido a sintomas que podiam ser da gripe, o médico acabou prescrevendo o medicamento, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino.
    Como as reações pioraram, Eduardo ficou em observação na unidade e em seguida transferido à Santa Casa, onde permaneceu na internação por três dias.
    O médico Marcelo Santana, diretor do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), explica que o Tamiflu é “importantíssimo” quando indicado para o tratamento, mas precisa ser criteriosamente prescrevido. Pode ser usado, inclusive, na profilaxia para pessoas que tiveram contato com o vírus.

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