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Industriais de MS apontam carga tributária como responsável por perda de competitividade

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      Na 3ª rodada dos “Encontros Setoriais da Indústria – Compromisso com o Desenvolvimento”, realizada pelo Simemae/MS, Sindiplast/MS e Sindmad/MS, na noite desta segunda-feira (06/03), no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande (MS), os empresários dos três segmentos demonstraram a discrepância da carga tributária sobre a entrada de matéria-prima em Mato Grosso do Sul quando comparado com outros Estados. 

      Em razão deste quadro, as indústrias sul-mato-grossenses perderiam ainda mais competitividade, se levada em conta a possibilidade de revisão dos incentivos fiscais, levantada pelo governador Reinaldo Azambuja, lembrou o presidente do Sindiplast/MS, Zigomar Burille, durante apresentação para os presentes.

      “Nos últimos quatro anos nosso segmento está decadente, com fechamento de empresas e demissões. E a taxação da matéria-prima que entra no nosso Estado é muito mais alta do que no Paraná e Goiás, por exemplo. O que hoje garante a competividade das nossas indústrias são os incentivos fiscais. Se isso acabar, a indústria de transformação do Estado não conseguirá transformar nada. Então, o governo precisa mudar as regras do jogo, só que de forma a ajudar o setor produtivo, e não dificultar. Porque o empresário quer investir, progredir, mas, para isso, precisa ter condições”, falou Zigomar Burille.

      Somente a forma de cobrança do ICMS garantido no Estado causa uma distorção competitiva de 16% entre os preços finais do mesmo produto na comparação entre Mato Grosso do Sul e Paraná, demonstrou o dirigente sindical. “A matéria-prima para a indústria plástica comprada a R$ 5 mil a tonelada em São Paulo, por exemplo, o produto final vai custar R$ 8,6 mil no Paraná, enquanto em Mato Grosso do Sul vai sair por R$ 10 mil”, citou o presidente do Sindiplast/MS. 

Indústria moveleira

      Por causa deste e de outros obstáculos, 23 empresas dos segmentos plástico, metalúrgico e moveleiro sul-mato-grossenses fecharam as portas nos últimos quatro anos (eram 133 em 2013; hoje, são 110), e 1.450 postos de trabalho foram fechados. Para o presidente do Sindmad/MS, Juarez Falcão, as dificuldades são ainda maiores quando se trata do segmento moveleiro. 

      “Está difícil para todos, mas, para nós, é ainda pior. A falta de investimentos na construção civil atinge em cheio o segmento moveleiro, porque se ninguém constrói, ninguém compra os móveis. Por aqui já temos uma série de dificuldade em relação aos impostos sobre a matéria-prima, logística e, se ainda vier um problema de má gestão por parte do Governo do Estado, que quer nos penalizar com ainda mais impostos, seremos muito prejudicados”, alertou o empresário.

      O vice-presidente do Simemae/MS, Nilvo Della Senta, também demonstrou preocupação com a possibilidade de haver corte de incentivos para as indústrias. “Mais uma vez, lotamos este auditório de trabalhadores e empresários, o que mostra que não se trata do temor de um segmento, é temor da sociedade como um todo, que fecha portas de empresas, gera demissões, e mexe com pais de família”, lembrou.

      Representando a Assembleia Legislativa, o deputado estadual Paulo Correa (PR) voltou a reforçar ser terminantemente contra a possibilidade de revisão dos incentivos fiscais concedidos pelo Governo do Estado. “Não se deve romper contrato”, resumiu. “Meu pai me ensinou isso, que não é preciso prometer nada, mas, se prometer, tem que cumprir. É como se diz no Nordeste: ‘Ajoelhou, tem que rezar’”, emendou o parlamentar, que é presidente da Comissão de Indústria e Comércio do Legislativo. 

      Após a apresentação dos sindicatos, a rodada do “Encontro Setorial da Indústria” foi encerrada com a palestra “Crise e Ameaça para a Indústria”, do professor doutor em geografia Tito Carlos Machado de Oliveira. 

Próximas rodadas

      O evento faz parte de uma série de encontros realizados pelos principais sindicatos das indústrias do Estado com o objetivo de debater as melhores estratégias e alternativas para enfrentar as ameaças ao setor no Estado em meio à crise econômica. Durante os eventos, veio à tona a questão da possibilidade de revisão dos incentivos fiscais concedidos para as indústrias, e a criação do Fundo Estadual de Estabilidade Fiscal, que obrigaria as indústrias beneficiadas a contribuírem com 10% do que deixam de pagar de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

      No primeiro deles, o debate já rendeu uma alternativa à esta proposta, que foi apresentada pelo presidente da Fiems, Sérgio Longen: os industriais teriam a opção de aderir ao Fundo Estadual de Estabilidade Fiscal e, em troca, teriam renovados, por mais cinco anos, os incentivos já concedidos.

      Ao todo, serão realizadas cinco rodadas dos “Encontros Setoriais da Indústria – Compromisso com o Desenvolvimento”, sempre no período noturno, a partir das 19h30, no Edifício Casa da Indústria. A próxima rodada está marcada para o dia 13 de março, e a quinta no dia 20. Os eventos são organizados pelo Sindivest/MS, Sindigraf/MS, Sindical/MS, Sinduscon/MS, Sindicer/MS, Siams, Simemae/MS, Sindepan/MS, Sindmad/MS, Sicadems, Silems, Sindiplast/MS, Sindiecol e Biosul. Para participar basta comparecer ao local na hora e na data marcada.

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