Aparecida do Taboado (MS) – Em guerra com a Sanesul desde 2013, quando a empresa apresentou pedido de licenciamento ambiental para construção de um emissário de esgoto às margens do Rio Paraná, a população aparecidense luta agora para frear a operação do emissário que, segundo rancheiros, está jogando esgoto in natura no rio.
Em setembro, quando o emissário entrou em funcionamento, o proprietário de um rancho próximo ao local usou as redes sociais para mostrar o esgoto escoando pelas manilhas em direção ao Rio Paraná em grande pressão e volume. Em uma das imagens, ele disse que o cheiro era insuportável. Rafael Nalini ainda destacou a cor esverdeada da água às margens da orla e mostrou, na areia, o esqueleto de um peixe já em estado de decomposição.
As imagens geraram várias manifestações e integrantes do grupo SOS Rio Paraná pressionaram as autoridades locais cobrando respostas.
O Ministério Público Estadual, então, abriu inquérito civil para acompanhar o caso. A promotora cobrou da saneadora a autorização ambiental para o funcionamento do emissário, bem como os relatórios de Automonitoramento da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), “assim que a informação chegou ao meu conhecimento, por meio das mídias sociais, requisitei à Sanesul esclarecimentos sobre o início do lançamento do esgoto sanitário no Rio Paraná, uma vez que a Licença de Operação ainda não foi concedida pelo Imasul”, explicou Dra. Jerusa Quirino, no dia 3 de setembro, ao Costa Leste News.
A Câmara Municipal também enviou requerimento (23/2020) à saneadora cobrando cópia da licença de operação do emissário, documento que foi respondido 3 meses depois. A resposta chegou esta semana ao vereador José Natan, prefeito eleito e diplomado, responsável pela autoria do ofício. Nela, a Sanesul anexou a licença de operação emitida pelo Imasul (185/2020) para a atividade de tratamento de esgoto, incluindo a ETE e o emissário final, por um período de 10 anos a contar da data da sua assinatura, que aconteceu no dia 2 de outubro, ou seja, um mês depois do emissário já ter entrado em funcionamento. Na época, a Sanesul disse ao Costa Leste News que se tratavam de testes, com autorização do Imasul.
“Na última semana, a empresa recebeu autorização do Imasul para fazer testes no emissário final do Rio Paraná e todos os testes em amostras prévias e posteriores de água estão sendo feitas regularmente” – 3 de setembro de 2020.
No último sábado (12), depois da chuva, aparecidenses flagraram o esgoto jorrando – com força e velocidade – pela manilha principal e escorrendo a céu aberto para o rio. Em vídeos divulgados na internet, populares denunciaram que o mal cheiro era insuportável e que a cor da água estava bastante escura. Veja:
A Saneusl, por sua vez, informou que o vazamento aconteceu devido ao entupimento da manilha provocado por uma peça de ferro que pode ter sido carregada pela enxurrada ou jogada no local propositalmente. E voltou a afirmar que todas as estações de tratamento de esgoto em operação por parte da empresa efetuam o devido tratamento dos efluentes de forma satisfatória no que diz respeito às normas dos órgãos ambientais.
Entretanto, após o ocorrido, manifestantes do SOS Rio Paraná voltaram a cobrar a mudança do local do emissário e a construção do sistema terciário para garantir o devido tratamento do esgoto a fim de evitar a poluição do Rio Paraná e meio ambiente.
O assunto, inclusive, já ganhou repercussão até em Brasília e foi destaque em audiência da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) me março deste ano (Veja).
Nesse domingo (13), durante uma live nas redes sociais, José Natan lamentou a situação e disse que esse será um dos grandes desafios da próxima gestão.